O líder parlamentar do PS considerou "inadmissível" que o Governo proceda à divulgação da sua proposta de Orçamento do Estado para 2012 por fugas de informação e não pela via institucional no Parlamento.
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Carlos Zorrinho fez estas críticas no final de uma reunião do Grupo Parlamentar do PS, que durou cerca de duas horas e que teve a proposta de Orçamento como tema central de discussão.
Embora o secretário-geral do PS, António José Seguro, já se tenha encontrado com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na terça-feira, em São Bento, e de a própria direcção da bancada socialista ter sido recebida pelo ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, na quarta-feira, no Parlamento, Carlos Zorrinho disse que os seus deputados continuam apenas a dispor "de uma informação muito genérica sobre o Orçamento do Estado para 2012".
"O PS não tem qualquer documento, nada foi fornecido pelo Governo ao Parlamento, o que nos parece uma atitude de falta de responsabilidade em relação ao Orçamento. O PS apenas vai sabendo do Orçamento pela imprensa e desconhecemos se as notícias são ou não corretas", apontou o líder da bancada socialista.
Carlos Zorrinho acusou depois o Governo de gerir a sua proposta de Orçamento "por fugas de informação e não de uma forma institucional".
"Parece-nos inadmissível que, perante uma proposta de Orçamento tão importante, num momento tão importante do país, o comportamento deste Governo seja tão irresponsável. De facto, temos a sociedade portuguesa a discutir fugas de informação", insistiu.
Em relação às informações já conhecidas sobre a proposta de Orçamento, o líder parlamentar do PS observou que, da parte do executivo PSD/CDS, "não aparece nenhuma medida no sentido do impulso à economia para contrabalançar a austeridade".
"Não aparece também nenhuma medida, na sequência de reduções de despesa, em termos de segurança sobre a qualidade dos serviços - medida realizada a partir de uma optimização no funcionamento desses mesmos serviços", disse.
De acordo com Carlos Zorrinho, na reunião de quarta-feira com o ministro das Finanças, apenas foi traçado ao PS "um quadro macroeconómico, mas nada em termos de medidas em concreto".
Interrogado se, perante estas críticas ao Governo, o sentido de voto do PS em relação à proposta do Governo de Orçamento se encontra mais condicionado, Carlos Zorrinho deu a seguinte resposta: "Aguardamos informação, aguardamos o documento e analisaremos a propostas tendo em conta o interesse nacional, sem nenhuma prevalência do interesse partidário. No momento certo divulgaremos o nosso sentido de voto", declarou.