O PS afirmou, esta quarta-feira, que, na sequência da reunião com a "troika", continua a defender a devolução de um dos subsídios que o Governo pretende cortar aos trabalhadores do sector público e pensionistas no âmbito do Orçamento.
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Carlos Zorrinho fez parte da delegação do PS (chefiada pelo secretário-geral, António José Seguro) que, na terça-feira, se reuniu com os representantes da "troika" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) sobre o cumprimento do programa de assistência financeira por parte do Estado Português.
"O PS comunicou à "troika" que seria eventualmente mais ajustado poder ter um alargamento de prazo de um ano [em termos de cumprimento das metas do défice]. Defendemos que, dessa forma, o ajustamento poderá ser feito de forma menos ofensiva para a economia e, para usar uma expressão popular, com menor risco de o doente morrer da cura. A "troika" ouvi-nos mas não nos respondeu", disse o líder da bancada socialista.
"Não vou descrever o que aconteceu na reunião com a "troika". Mas, se alguma coisa impedir a devolução de um salário e de uma reforma, a manutenção do IVA da restauração e a criação de uma linha de financiamento para as empresas, tal acontecerá apenas por pura teimosia do Governo", acusou o presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Segundo Carlos Zorrinho, na análise às propostas do PS e na sua estratégia para 2012, o Governo "continua fiel à ideia de ir sempre além da "troika"".
"Hoje mesmo, na sequência do acordo estabelecido com a banca para a transferência de fundo de pensões, ficou claro que os portugueses não vão receber na totalidade do subsídio de natal por excesso de precaução por parte do Governo. Como o PS sempre defendeu, para cumprir o objectivo de défice de 5,9% este ano, não teria sido necessário esse corte de 50% do subsídio de natal, com o impacto recessivo que essa medida tem na nossa economia", sustentou.
Na perspectiva do líder da bancada socialista, o Governo revela "uma teimosia extrema no tratamento das questões orçamentais".
Interrogado se essa alegada teimosia em matéria de política orçamental se estende também aos representantes da "troika", o presidente do Grupo Parlamentar do PS negou.
"Não tenho em absoluto nenhum sinal que isso seja assim. A "troika" (tal como o PS, o PSD e o CDS) está naturalmente interessada no cumprimento da meta de défice de 5,9% este ano e de 4,5% em 2012", respondeu.