Líder parlamentar do PSD defendeu que nas eleições legislativas os portugueses tiraram a maioria absoluta ao PS e deram-na ao Parlamento, que deixou de estar a mando do Governo.
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Na sua intervenção no encerramento do debate do Programa do Governo, no Parlamento, Aguiar Branco afirmou que o PSD quer que o primeiro-ministro, José Sócrates, "tenha a oportunidade de governar nos próximos quatro anos" e não pretende "servir de desculpa para que não governe".
"Mas, por muito que não goste, por muito que se queixe, é bom não esquecer: a maioria absoluta é deste Parlamento. Esse foi o resultado das últimas eleições legislativas. Os portugueses assim o decidiram", acrescentou o líder parlamentar do PSD.
Segundo Aguiar Branco, com o PS em maioria relativa, José Sócrates "deixou de ter um Governo que mandava no Parlamento para passar a ter um Parlamento que irá fiscalizar, efectivamente, o seu Governo" e "esta é uma verdade constitucional".
"Não pode continuar a ignorar as perguntas desta Assembleia. Não pode continuar a ignorar os requerimentos desta Assembleia. Não pode continuar a vetar a vinda dos membros do seu Governo a esta Assembleia", apontou o líder parlamentar do PSD.
"Acabaram as ordens para aprovar esta ou aquela iniciativa. Os deputados não estão aqui para lhe fazer as vontades ou cumprir os seus caprichos. Os portugueses querem que vossa excelência dê explicações, que preste contas", prosseguiu.
Na nova composição, o PSD tem, sozinho, "mais deputados do que o conjunto dos restantes partidos da oposição", assinalou.
Aguiar Branco recusou, desde já, que o primeiro-ministro venha "a queixar-se de chantagens, coligações negativas, ou da vida em geral", dizendo-lhe que "foi nestas circunstâncias que aceitou governar" e que estas o obrigam a mudar de atitude.
A apresentação do programa do Governo foi feita "de forma pouco responsável" , em jeito de "monólogo", e o primeiro-ministro "perdeu, assim, de forma clara, a sua primeira oportunidade", considerou.
O líder parlamentar do PSD felicitou o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, que é deputado do PS, pelo "Parlamento mais forte, mais participativo, mais atento e mais vigilante" resultante das eleições legislativas.