O antigo líder do PSD Santana Lopes apelou para que o "bom senso regresse rapidamente" ao líder do PSD e ao primeiro ministro, considerando "um momento lamentável da vida política portuguesa" a tensão entre Passos Coelho e José Sócrates.
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"O que se passou nos últimos dias é um momento lamentável da vida política portuguesa e espero que termine muito depressa, termine já", disse à agência Lusa Pedro Santana Lopes.
O ex-primeiro ministro defendeu que "não se pode chegar a um ponto em que o primeiro ministro e o líder da oposição não se possam encontrar, pelo contrário, têm de se encontrar com frequência para falar sobre os assuntos do país".
Para Santana Lopes, "chegar-se a este ponto numa situação tão grave como aquela em que está Portugal é muito, muito complicado".
"Faço um apelo para que o bom-senso regresse rapidamente e que o Presidente da República não tenha que funcionar como aqueles árbitros de futebol, quando dois jogadores têm entradas violentas e os obrigam a cumprimentarem-se um ao outro", comenta.
Santana Lopes saudou ainda a iniciativa de Cavaco Silva receber em audiências os partidos com assento parlamentar para uma auscultação sobre a "situação política, económica e social do país", afirmando esperar que "contribua para dissipar esta tensão".
"Entendo que é desejável neste momento que o Presidente da República consiga isso com esta iniciativa. Porque depois do Orçamento, vamos ter mais decisões importantes que vão ser necessárias tomar", sustenta.
Santana Lopes considera que "os pruridos pessoais têm de ser postos de lado e as pessoas trabalharem em conjunto, pondo as agendas partidárias de lado", lembrando que "os lugares de líderes partidários e chefes de Governo exigem isso".
"Eu detesto hoje em dia falar do passado, mas em 2005, quando o Dr. Jorge Sampaio dissolveu a assembleia houve vários correligionários meus que consideraram que eu era demasiadamente brando, muito educado nas respostas ao Dr. Jorge Sampaio".
Mas, contou, "eu fiz questão de responder sempre assim. Independentemente do que sintamos dentro de nós é preciso dar o exemplo de que colocamos acima de tudo o interesse do país".
Para Santana Lopes, a questão estrutural é: "pode um governo de minoria ter a força política necessária para enfrentar todas estas dificuldades? Eu penso que não. Seja este ou outro governo".
"Esta é uma altura de salvação nacional ou coligação nacional", sublinha, lembrando o "impacto muito negativo nos cidadãos" desta situação, principalmente numa altura em que as pessoas estão angustiadas.
Para Santana Lopes, "as pessoas ficavam muito contentes se vissem políticos de diferentes cores partidárias juntarem esforços num governo para salvar o país da situação em que está".
"Quanto mais tempo durar a desunião e o confronto, mais difíceis vão ser as medidas. Quanto mais depressa chegar essa solução, menor gravidade terão as medidas que têm de ser adotadas", acrescenta.
O primeiro ministro acusou Pedro Passos Coelho de ter um comportamento "impróprio" de um líder político e defendeu que o que foi revelado sobre as conversas que os dois tiveram mereceu a concordância de ambos.