O secretário-geral do PS, António José Seguro, disse esta segunda-feira, no final de um encontro de três horas com o primeiro-ministro, que existe uma "divergência insanável" com o Governo sobre a estratégia orçamental para o país.
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"Há uma divergência insanável entre o PS e o Governo no que diz respeito à estratégia orçamental. Foi isso que esteve em debate na reunião solicitada pelo primeiro-ministro e a que eu acedi", disse Seguro aos jornalistas em São Bento, no final de uma reunião, que admitiu que "não foi fácil", com Pedro Passos Coelho.
O líder do PS destacou o "grande consenso" no país em torno da consolidação das contas públicas, lembrando que o partido "votou favoravelmente o tratado orçamental e a introdução de uma regra de disciplina orçamental na lei de enquadramento orçamental".
"O modo, o caminho, a estratégia para alcançar esse equilíbrio das contas públicas é o que nos opõe ao governo. E não nos opõe hoje, opõe-nos desde sempre", sublinhou António José Seguro.
Questionado se Portugal ficará eventualmente prejudicado junto dos seus parceiros internacionais por não existir um acordo para o futuro sobre o trajeto orçamental do país, o secretário-geral do PS advertiu que não existe "nenhum grau de incerteza" quanto ao "objetivo central" de Portugal.
"Não vejo como é que Portugal possa ser prejudicado porque não há nenhum grau de incerteza quanto ao objetivo central, o equilíbrio das contas públicas e uma consolidação saudável das contas públicas. Essa certeza os nossos parceiros europeus têm-na. Aliás, se houve alguma incerteza ao longo deste período foi provocada pelo próprio Governo aquando da demissão de Paulo Portas", declarou.
A audiência entre Passos Coelho e António José Seguro, que arrancou pelas 18.45 horas e acabou perto das 22 horas, deu-se na sequência do convite do primeiro-ministro ao líder do PS para analisar em conjunto o processo de conclusão do programa de assistência financeira e para a construção de uma "estratégia de médio prazo".
O primeiro-ministro enviou na sexta-feira uma carta a António José Seguro, divulgada no domingo, em que o convidou para se reunirem e analisarem "em conjunto o processo de conclusão do programa de assistência financeira" e para a construção de uma "estratégia de médio prazo".