O primeiro-ministro, José Sócrates, condenou as críticas de Passos Coelho em Madrid sobre a utilização da 'golden share' na PT.<br />
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José Sócrates considerou que as críticas de Passos Coelho à existência da 'golden share' na PT e ao facto de ter sido utilizada seriam "perfeitamente legítimas" se fossem proferidas em Portugal, mas condenou que tivessem sido feitas no estrangeiro e no país onde está sediada a empresa em questão.
"Não me parece ser uma atitude e um comportamento que honre as boas tradições da política portuguesa", disse, acrescentando que nunca criticou "o Governo de Portugal no estrangeiro" quando esteve na oposição e que não o teria feito neste caso.
"Não sou capaz de compreender como é que alguém diz que o negócio é mau, mas que se podia fazer, que não é bom para o país, nem para a PT, mas que, todavia, por preconceito ideológico, o Estado não devia usar os seus direitos especiais. Isso é que não sou capaz de compreender", afirmou, em tom crítico, José Sócrates, sobre as palavras do presidente do PSD.
Sócrates sublinhou que "o Estado foi obrigado a votar contra" a aquisição da participação da PT na Vivo pela Telefónica e que teve em conta "o interesse do país" e, para isso, utilizou "os direitos especiais atribuídos na lei".
O chefe do Governo defendeu que a "agenda ideológica contra o Estado accionista é um mau princípio" e que este deve permanecer em "áreas críticas para o desenvolvimento da economia", como a energia ou as telecomunicações.
Sócrates interrogou-se se Portugal e a Europa não deviam estar concentrados noutros temas, defendendo "maior empenho" na regulação financeira e das agências de notação ou nos mercados de derivados, "que estiveram na causa desta crise financeira".