A prioridade do Governo português é "a recuperação económica e o emprego, não é o défice", afirmou o primeiro-ministro José Sócrates, à cadeia francesa France 24.
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José Sócrates foi entrevistado pela France 24 à margem do simpósio "Novo Mundo, Novo Capitalismo", que decorre hoje e sexta-feira na Escola Militar, em Paris.
José Sócrates presidiu este ano à segunda edição do simpósio, ao lado do chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, e proferiu a intervenção inicial que antecedeu os dois dias de mesas-redondas.
No final da sua apresentação, José Sócrates foi entrevistado para o magazine económico da France 24, o canal internacional francês de notícias, que montou um estúdio no centro de conferências da Escola Militar.
Questionado sobre a subida do défice, José Sócrates respondeu que "o défice português é muito próximo do da França".
O primeiro-ministro repetiu, depois, o que tinha declarado minutos antes à imprensa portuguesa, a propósito das críticas feitas, quarta-feira, pelo presidente do BPI, Fernando Ulrich.
"É incrível que os mercados financeiros, que provocaram a crise mundial, sejam os primeiros a recriminar os estados por manterem a dívida que os ajudou a sobreviver", afirmou José Sócrates.
"Se temos recuperação ecnómica, é porque os estados têm a coragem de manter o défice", acrescentou o primeiro-ministro, que foi entrevistado em francês.
"A nossa prioridade para 2010 é o relançamento económico, numa base de responsabilidade", explicou José Sócrates, referindo que espera da oposição parlamentar o mesmo sentido de responsabilidade na negociação do Orçamento de Estado.
José Sócrates recordou, aliás, o seu primeiro ano de governação, 2005, quando Portugal "tinha um défice de seis por cento".
"Em dois anos, conseguimos reduzir o défice para 2,6 por cento. Sabemos exactamente o que fazer para combater o défice. Mas não é essa a nossa prioridade agora", explicou José Sócrates.
O primeiro-ministro defendeu também, na entrevista à France 24, que será transmitida sexta-feira, o projecto da alta velocidade ferroviária e as infraestruturas "ferroviárias, rodoviárias e aéreas que podem ligar Portugal, país periférico, ao centro da Europa".
Para José Sócrates, o TGV e outras infraestruturas "não são grandes investimentos, são investimentos de modernização do nosso país", concluiu o primeiro-ministro.
Nos encontros bilaterais com o seu homólogo François Fillon e com Nicolas Sarkozy, José Sócrates definiu a realização da próxima cimeira luso-francesa, a realizar em Abril, em Paris, em torno dos temas da energia e inovação.