O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou esta segunda-feira as declarações do primeiro-ministro no domingo "mais do mesmo", por apontarem a "austeridade como única solução", e criticou a ausência de uma perspetiva de confiança no futuro.
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"Eu diria que as declarações são mais do mesmo, apontam a austeridade como única solução. São declarações que não geram confiança, que não geram uma aposta em criar condições para o crescimento futuro. Na véspera de um Conselho Europeu que vai debater justamente o crescimento e o emprego, consideramos pouco razoável que o primeiro-ministro venha apontar sempre a solução austeridade e ignore o crescimento e o emprego, e é isso que está em causa", lamentou o sindicalista.
O secretário-geral da UGT reagiu assim às declarações do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, proferidas no final do conselho de ministros extraordinário, que decorreu domingo no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, para assinalar o primeiro ano de funções deste executivo.
O primeiro-ministro defendeu, nessa intervenção, que "não há forma de vencer uma crise sem problemas sociais ou políticas restritivas", mas que Portugal está "bem mais próximo de ultrapassar" o estado de "emergência" do que há um ano.
Para João Proença, o Governo está a ignorar os "sinais de alarme".
"O governo tem apostado na austeridade, ignora o crescimento e o emprego, e isso está a gerar uma grande falta de confiança no futuro, aliás traduzida no disparar do desemprego, e em vez do desemprego servir de alarme, não, limitam-se a achar que é uma consequência natural. Isso parece-nos profundamente negativo", afirmou.
Na opinião do sindicalista, o executivo de Passos Coelho está cada vez mais isolado, quer a nível nacional, quer a nível europeu, ao defender "a austeridade pela austeridade", sendo "mais alemão que os alemães".
Sobre a intenção anunciada por Passos Coelho de reforçar a aposta no programa de privatizações, o secretário-geral da UGT defendeu que "não importa quem é o dono do capital", mas sim que o Estado garanta as condições necessárias para funcionar como regulador da economia.