Balanço do primeiro ano de Governo é "demonstração de enormíssima insensibilidade", diz CGTP
O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, considerou, esta segunda-feira, que as declarações feitas no domingo pelo primeiro-ministro, no balanço do primeiro ano de Governo, foram "uma demonstração de uma enormíssima insensibilidade" e direcionadas para um "país virtual".
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"É uma demonstração de uma enormíssima insensibilidade para aquilo que é o sofrimento de centenas de milhares de portugueses. O que tivemos ontem [domingo] foi um balanço que pode ser positivo para a 'troika', mas que é profundamente negativo para os trabalhadores em geral", disse, esta segunda-feira, Arménio Carlos à agência Lusa.
O líder da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical Nacional (CGTP-IN) reagiu assim às declarações de Pedro Passos Coelho no final do conselho de ministros extraordinário, realizado no Palácio Nacional da Ajuda, para assinalar o primeiro ano em funções deste executivo.
O primeiro-ministro defendeu, nessa intervenção, que "não há forma de vencer uma crise sem problemas sociais ou políticas restritivas", mas que Portugal está "bem mais próximo de ultrapassar" o estado de "emergência" do que há um ano.
"Foi uma intervenção do primeiro-ministro que não teve uma palavra para os desempregados, no que diz respeito à saída para os seus problemas, não teve uma palavra para os jovens, relativamente ao direito de poderem viver e trabalhar no seu próprio país (...) não teve uma palavra para os trabalhadores em geral e muito menos para esta bárbara revisão da legislação laboral", lamentou o sindicalista.
Arménio Carlos acusou ainda Passos Coelho de ter falado para um "país virtual", demonstrando desconhecimento do que é neste momento o país real, para o qual, disse, "está de costas voltadas".
"O país real está a sofrer e os dados do controlo orçamental provam que, depois de todos estes sacrifícios, mais uma vez não valeu a pena, porque, enquanto uns fazem sacrifícios, os outros continuam a viver acima das suas possibilidades", declarou.
Quanto à intenção anunciada pelo chefe do executivo de dar prioridade ao reforço do processo de privatizações e à abertura da economia, Arménio Carlos não a considerou "nada de surpreendente", por seguir em linha com o apelo do Governo "ao sacrossanto mercado para que ele continue a funcionar".
Para o líder da CGTP-IN, a "venda do património público ao desbarato" desperdiça recursos e compromete o desenvolvimento do país, com consequências para os portugueses.
"Será particularmente mau para os portugueses, que ficarão confrontados com a aplicação de preços numa linha de chantagem permanente e que visa sempre o aumento", criticou.
A CGTP-IN prometeu ainda bater-se contra a privatização e plafonamento da Segurança Social, para evitar que "se faça negócio à custa dos portugueses".
"Perante isto, não nos resta outra opção que não seja apelar aos trabalhadores para que resistam e mostrem a sua indignação, porque este caminho é o caminho para o precipício", concluiu.