Ministro da Economia mantém a expressão "espionagem política" para classificar "a violação da lei e do segredo de Justiça" no âmbito do processo “Face Oculta”, rejeitando ter responsabilizado algum sector em concreto.
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"É falso que eu me estivesse a referir a qualquer nome em concreto. Eu referi-me a um processo, que é escutas, utilização de escutas, colocação das mesmas nos jornais em flagrante violação da lei, não apenas do segredo Justiça, mas da lei e do Estado de Direito. Este processo é conduzido por quem? Não sei. Se eu soubesse dizia às autoridades", declarou Vieira da Silva.
O ministro da Economia respondia ao deputado do PCP António Filipe na comissão de Assuntos Constitucionais, que sublinhou que "a violação do segredo de Justiça é grave mas não é espionagem política" e considerou que a afirmação do ministro constitui uma "acusação às autoridades judiciais".
"Não atribuí [a expressão] a nenhum segmento, nem à investigação criminal, nem aos jornalistas, porque não sei. Se eu soubesse dizia às autoridades", reafirmou o ministro da Economia, considerando que a expressão "não foi excessiva".
Sobre se mantém a expressão que usou, Vieira da Silva respondeu: "mantenho tudo o que disse na entrevista à Antena 1 com todos os esclarecimentos que já dei". Vieira da Silva frisou que respondia a uma pergunta sobre uma notícia do dia, que dava conta "não só que havia escutas, mas do conteúdo das escutas".
"Não sei quem é que transforma informação no âmbito do sistema judicial ou judiciário em notícias que permitem exploração política de uma forma deplorável", disse, acrescentando sentir "indignação".
À saída da comissão, Vieira da Silva reiterou que a expressão "espionagem política" não foi "uma deslize ou uma falha".
"Foi o que eu pensei, pensava e penso sobre um processo que teve várias fases. Não se divulga algo que não se conhece e só algo que teoricamente não se devia conhecer se houver quem proceda a essa transposição dessa informação", disse.
Na reunião, a deputada do BE Helena Pinto considerou que "o que existe é a dificuldade do ministro em responder às perguntas", afirmando que Vieira da Silva "usa a técnica do disco riscado mas não convenceu".
"Deu por adquirido que era uma violação do segredo de justiça e porquê? E como é que sabia que as escutas eram legais ou ilegais?", questionou a deputada, criticando a "lógica de vitimização do PS".