Por volta das 11 da manhã, já uma pequena multidão se aglomera no Cais da Porta Nova, junto às muralhas do Centro Histórico de Faro, de onde parte o barco que, seis vezes ao dia, faz a ligação à ilha da Barreta - ou Deserta, como também é conhecida. Em vez de seguirmos na carreira regular, optamos por fazer o "circuito da natureza". O destino é o mesmo, mas a viagem demora um pouco mais, pois inclui um passeio guiado pelos canais da ria Formosa, com explicações sobre fauna, flora, história e usos da região.
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Na popa do pequeno catamarã, indiferente ao calor, o guia Márcio Alexandre dá as primeiras explicações aos presentes. Primeiro, em Português e depois em Francês, Inglês e Castelhano. "São mais de 50 mil as aves, de cerca de 200 espécies, que aqui nidificam, acasalam ou se abrigam durante as longas rotas de migração, o que torna esta zona única no Mundo em termos de "birdwatching"", explica.
A maré está baixa e aves vindas de locais tão distantes como a Sibéria ou a Escandinávia procuram alimento no lodo dos sapais. E não esqueçamos a famosa amêijoa da ria Formosa, que alguns mariscadores, aproveitando a baixa-mar, procuram numa das margens, escavando pacientemente na areia.
Hora e meia depois, aproximamo-nos da ilha da Barreta. Na enseada do Mar Calmo, no lado da ria, estão fundeadas dezenas de embarcações. É exatamente para aí que nos dirigimos, mal pomos pé em terra firme, para um retemperador mergulho nestas águas tranquilas e transparentes.