O diretor-geral dos Serviços Prisionais defendeu, esta terça-feira, que, em matéria de suicídios nas prisões, o importante é saber se tudo foi feito para preveni-los, sustentando que cada situação deve ser analisada individualmente.
Corpo do artigo
A Direção-geral dos Serviços Prisionais assinou hoje um protocolo com a Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS) com o objetivo de avaliar "cientificamente" o plano de prevenção do suicídio nas prisões e propor novas medidas de acompanhamento dos reclusos considerados de risco.
Este protocolo surge numa altura em que o número de suicídios nos estabelecimentos prisionais durante o primeiro semestre deste ano quadruplicou, registando-se oito mortes depois de em igual período de 2011 ter havido duas.
Os dados da Direção-geral dos Serviços Prisionais mostram que houve tantos suicídios nos primeiros seis meses de 2012 como em todo o ano de 2011.
Confrontado com estes dados, Rui Sá Gomes defendeu que não é correto avaliar os suicídios quantitativamente, sublinhando que tem de haver uma avaliação caso a caso.
"O que é importante é nós sabermos se estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para evitar cada suicídio. O plano está no terreno e contamos com as mais-valias e o ensinamento científico da Sociedade Portuguesa de Suicidologia porque queremos melhorar todos os dias", disse Rui Sá Gomes.
De acordo com o responsável, cada caso de suicídio em contexto prisional deve ser alvo de uma avaliação, tendo em conta as circunstâncias e o historial da pessoa, sublinhando não haver um grupo preponderante.
"Temos indivíduos novos, temos indivíduos já de uma certa idade, alguns com doenças associadas, e como estamos a falar de números muito curtos, fazer uma análise só é possível depois de muitos anos para perceber se há alterações ou onde é que está a haver a maior prevalência", sustentou o responsável.
Opinião partilhada pelo responsável da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, para quem estes dados não podem ser interpretados "aritmeticamente", sustentando haver uma "multiplicidade de fatores".
"Não faz sentido dizer que este ano [o número de suicídios] quadruplicou. Isso é manifestamente um disparate, que é uma tentação de interpretação dos números", disse Jorge Costa Santos, membro do conselho científico da SPS, acrescentando que os números têm de ser avaliados ao longo de "períodos necessariamente mais extensos".
No entender do especialista, o objetivo do plano de prevenção de suicídio nas prisões é "trabalhar mais e melhor com bases científicas", destacando que dentro das prisões os "protagonistas" são não só os guardas prisionais ou os profissionais de saúde, mas também os próprios reclusos.
O diretor-geral dos Serviços Prisionais disse ainda dispor de "todos os meios" na execução do plano de prevenção de suicídios, defendendo que se trata de uma intervenção multidisciplinar junto dos reclusos.