O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje, domingo, que seria uma "perda" a destruição "irreversível" das escutas feitas no âmbito do processo "Face Oculta" e defendeu a manutenção dessas provas "para processos futuros".
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"Não se trata de procurar saber os seus conteúdos, mas naturalmente procurar manter essas provas para processos futuros e a sua destruição irreversível seria sempre uma perda", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, em conferência de imprensa.
O líder do PCP reconheceu não dispor de elementos "para avaliar o acerto da decisão" do Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, sobre o arquivamento das últimas cinco conversas entre Armando Vara e o primeiro-ministro, José Sócrates, mas considerou "não haver no quadro legal forma de escrutinar se essa decisão concreta é justa ou injusta".
"Mas, independentemente de todas as questões e interrogações que este caso continua a levantar, em todas as circunstâncias, sejam quais forem as pessoas envolvidas, seria muito grave que quaisquer formalismos legais determinassem a anulação definitiva de matéria de prova indispensável à descoberta de eventuais crimes", observou.
Jerónimo de Sousa acusou o PS, PSD e CDS-PP de, "através da lei", terem feito "uma blindagem de três figuras principais do Estado em relação designadamente aos processos de escuta".
No entanto, "não acautelaram com rigor e precisão o que é que se faz em relação a situações que podem ter de facto matéria de prova em processos que possam surgir", disse.
"Ninguém está acima da lei, seja quem for, seja deputado, secretário-geral do PCP, seja primeiro-ministro, seja Presidente da República, ninguém está acima da lei e, nesse sentido, sem querer fazer juízos de valor e sem considerar que há de facto matéria de prova seria avisado pelo menos que essas provas não fossem destruídas", reiterou Jerónimo de Sousa.