Vítima de uma tentativa de homicídio, no âmbito da Noite Branca, diz agora que a pessoa que o atingiu tinha outras características.
Corpo do artigo
O depoimento foi prestado hoje, terça-feira, por Fernando Pereira, no Palácio da Justiça do Porto, no âmbito do julgamento centrado no homicídio do segurança Ilídio Correia, mas que engloba vários homicídios na forma tentada, incluindo o daquela testemunha.
O carro de Fernando Pereira foi barrado na tarde de 03 de Maio de 2007, na zona da Alfândega do Porto, e a testemunha foi atingida a tiro numa perna.
Na queixa policial que apresentou pouco depois, Fernando Pereira atribuiu os disparos a Bruno P. "Pidá", mas, perante um colectivo de juízes presidido por Manuela Paupério, disse outra coisa.
"Era mais alto", afirmou, comparando o agressor a "Pidá". Acrescentou que na sua queixa tinha referido o nome daquele arguido "pelas características que lhe deram" várias pessoas a quem contou o incidente, incluindo um sobrinho.
A alteração de depoimento levou um dos juízes do colectivo a perguntar a Fernando Pereira se fora ameaçado para apresentar esta versão, o que a testemunha negou.
Fernando Pereira reiterou a nova versão pouco depois, quando a própria juíza-presidente lhe perguntou se tinha a consciência de que depunha sob juramento e que incorria em crime caso mentisse.
Ainda na sessão da manhã, vários agentes da PSP confirmaram que, logo após os factos, Fernando Pereira indicou Bruno P. "Pidá" como autor dos disparos.
Ilídio recebeu ameaças
A audiência, que prossegue à tarde, começou com um depoimento de Maria Fernanda Sousa, mãe de Ilídio Correia, o segurança abatido a tiro na madrugada de 29 de Novembro de 2007, o caso central deste processo.
Maria Fernanda Sousa, que se constituiu assistente no processo, contou, chorosa, que o filho recebera três ameaças de morte através de mensagens de telemóvel.
Já depois da morte de Ilídio Correia, os irmãos terão recebido mensagens similares, uma delas com este teor: "Vais morrer com um tiro na cabeça como morreu o boi do teu irmão".
Neste processo estão em julgamento nove arguidos, cinco dos quais (Bruno P. "Pidá", Mauro S., Fernando M. "Beckam", Ângelo F. "Tine" e Fábio B. "Suca") terão tido implicação directa no homicídio do segurança de origem cabo-verdiana Ilídio Correia, de 33 anos.
Embora seja da responsabilidade de um colectivo das Varas Criminais do Porto, o julgamento realiza-se no Palácio da Justiça sob fortes medidas de segurança.
Por outro lado, as testemunhas-chave no caso passam a beneficiar de protecção especial, na sequência de um requerimento do Ministério Público.