A Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) rejeitou, este sábado, que as cirurgias na região estejam em risco de ser adiadas por falta de sangue e lembrar a sazonalidade das doações.
Corpo do artigo
Na sexta-feira, o director do Serviço de Imunohemoterapia do Hospital de S. João, no Porto, manifestou-se "preocupado" com a "quebra substancial" nas dádivas de sangue, admitindo que, a continuar assim, seria necessário "adiar cirurgias".
Em comunicado, a ARS-Norte esclareceu que "nenhuma cirurgia até ao momento foi adiada por falta de sangue em nenhum hospital do norte do país", classificando como "pouco rigorosa" a atribuição da quebra das colheitas à aplicação de taxas moderadoras ou ao aumento dos custos dos transportes, uma vez que "as reduções de colheitas têm ocorrido em anos anteriores sem se poder alegar qualquer dos argumentos referidos".
O presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Guimarães disse, também na sexta-feira, não ter "qualquer dúvida" de que a diminuição das dádivas de sangue em Portugal se deve ao fim das isenções no acesso aos cuidados de saúde.
"Não me venham com a desculpa de que a diminuição das dádivas se deve à ideia de que Portugal está a desperdiçar sangue. Nada disso. A explicação está no facto de os dadores de sangue terem perdido um direito adquirido há muitos anos, que era a isenção de taxas moderadoras", disse, à Lusa, Alberto Mota.
Segundo a ARS-Norte, no Centro Hospitalar do Porto, que inclui o Hospital Geral de S. António, "o histórico confirma uma sazonalidade em relação às colheitas, nomeadamente em Janeiro e Fevereiro, registando-se igualmente uma diminuição em períodos homólogos em anos anteriores".
Já hoje, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, esclareceu que as cirurgias nos hospitais não estão em risco por falta de sangue e rejeitou que a "quebra" de stock se deva ao fim das isenções nas taxas moderadoras.
"Houve uma quebra, mas felizmente neste fim de semana já há um crescimento em face do apelo que se fez e quero registar mais uma vez a generosidade das pessoas e também esclarecer que, ao contrário do que foi dito, não há qualquer cirurgia posta em risco por falta de sangue", disse o ministro da Saúde aos jornalistas, em Sintra.