A Comissão Europeia pediu, esta terça-feira, explicações a Madrid sobre o que falhou no primeiro caso de contaminação fora de África pelo vírus Ébola, que afetou uma auxiliar de enfermagem espanhola. A nível interno, também a oposição exige esclarecimentos do executivo.
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Segundo adiantou o porta-voz da Comissão Europeia para a Saúde, Frédéric Vincent, Bruxelas "enviou uma mensagem ao Ministério da Saúde espanhol para obter esclarecimentos" sobre a falha no sistema de prevenção que permitiu o contágio de uma auxiliar que tratou de dois missionários infetados com Ébola e que morreram, entretanto, num hospital de Madrid.
"É evidente que houve um problema", salientou Vincent, acrescentando que a propagação do Ébola na Europa "continua a ser altamente improvável".
Os governos nacionais aplicaram medidas preventivas - coordenadas por Bruxelas - para prevenir a entrada do vírus em território europeu, registando-se a primeira brecha em Espanha, na segunda-feira.
Na quarta-feira, a reunião semanal do Comité de Segurança Sanitária será dedicada ao caso espanhol, esperando a Comissão Europeia já ter, então, informação detalhada de Madrid.
Oposição chama ministra ao parlamento
Porta-vozes da oposição espanhola exigiram, esta terça-feira, explicações adicionais da ministra da Saúde sobre as circunstância do contágio, pedindo que Ana Mato vá ao parlamento.
Rosa Díez (UPyD) e Aitor Esteban (PNV) confirmaram terem já formalizado o pedido de comparência urgente da ministra para que dê explicações no parlamento, como já tinha feito o PSOE na segunda-feira.
Para Rosa Díez, a ministra tem que dar uma explicação "de um maior rigor do que a deu ontem", na conferência de imprensa convocada de forma urgente para o início da noite, depois de confirmado o caso de contágio.
Considerando a conferência de imprensa "um desastre", Díez disse que em vez de tranquilizar os cidadãos a ministra "gerou muito mais dúvidas e muito mais preocupação". Se havia "escuridão" sobre o que ocorreu antes dessa conferência de imprensa, essa "escuridão" transformou-se em "poço negro", sendo urgente uma explicação profissional sobre o ocorrido, defendeu.
Para Aitor Esteban é importante perceber o que ocorreu e determinar depois se há ou não responsabilidades.
Alfredo Bosch, da ERC, ainda não formalizou o pedido de comparência de Ana Mato, exigindo porém que o Governo coloque disponíveis "os meios que ainda não tinha disponibilizado" e tome as medidas "que ainda não adotou" para lidar com a crise do Ébola.