O secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, desmentiu hoje, terça-feira, que ele e o Papa Bento XVI tenham encoberto um padre acusado de abusar sexualmente de cerca de 200 crianças nos Estados Unidos.
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"Não é verdade, provámos o contrário e não vamos falar deste tema porque senão estamos aqui todo o dia", afirmou o cardeal, em declarações aos jornalistas, à chegada ao aeroporto internacional de Santiago do Chile, onde estará até 14 de Abril.
"Quero confirmar com precisão a minha própria acção como a de sua eminência o cardeal (Joseph) Ratzinger (actualmente Papa Bento XVI) como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé", acrescentou Bertone.
O diário norte-americano The New York Times divulgou recentemente, citando documentos eclesiásticos, que o actual Pontífice e outros responsáveis do Vaticano, nomeadamente o cardeal Bertone, terão encoberto os abusos sexuais de um padre norte-americano suspeito de molestar cerca de 200 crianças numa escola para surdos no Wisconsin, onde exerceu funções entre 1950 e 1974.
Os documentos provenientes de uma acção na justiça sobre este caso abordam este assunto numa carta dirigida directamente pelo padre Lawrence C. Murphy ao cardeal Joseph Ratzinger, em 1996, quando este presidia à Congregação para a Doutrina da Fé, antes de se tornar no Papa Bento XVI.
Também hoje o deão dos cardeais, Angelo Sodano, defendeu a Santa Sé, afirmando que "as deficiências e os erros dos sacerdotes são utilizados como armas contra a Igreja".
"É agora uma divergência cultural: o Papa personifica as verdades morais que não são aceites e assim as deficiências e os erros dos sacerdotes são utilizados como armas contra a Igreja", afirmou o cardeal, numa entrevista ao L'Osservatore Romano.
"Nos últimos ataques injustos contra o Papa, existem concepções da família e da vida contrárias ao Evangelho", referiu o prelado, que já tinha manifestado domingo passado, na missa da Páscoa no Vaticano, o apoio de "toda a Igreja e de todo o povo de Deus" a Bento XVI.
