De forma unilateral, a União Europeia anunciou no ano passado que ia impor a si própria metas de redução mais ambiciosas dos que aquelas a que o Protocolo de Quioto já a obrigava e que irá reduzir as suas emissões em 20% até 2020.
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Mais ainda que esta posição dianteira em relação a qualquer outro bloco de países, a UE anunciou também que poderia mesmo obrigar-se a uma redução de 30%, também face aos níveis de emissões de 1990, caso países industrializados mostrassem na sua prática esforços comparáveis. Este último objectivo depende em muito da escala das promessas que saírem de Copenhaga. E uma das tabelas de comparação serão os EUA. Ontem, Obama ficou com a sua capacidade negocial facilitada ao ser anunciada a decisão da agência do ambiente norte-americana sobre os efeitos dos GEE na saúde (ver notícia ao lado)
A política europeia para a redução de gases com efeito de estufa assenta não só na tentativa de baixar o recurso a combustíveis fósseis (gás, petróleo e carvão). A UE procura ir buscar alternativas às energias renováveis, fomentando os seus parques solar, eólico e o recurso à biomassa. Com isso, visa garantir 20% da produção total da energia de que necessita.
Outra das intervenções assenta na eficiência energética e, com isso, os 27 pensam atingir uma poupança de pelo menos 20% do consumo no ano 2020.
Se as contas são globais em termos europeus dos 27, cada país tem metas distintas, ainda que haja plataformas mínimas (por exemplo, nos transportes, 10% do combustível tem que ter origem renovável). Mas. se houver recurso a biocombustíveis, a produção destes tem de ser sustentável, não aumentando a produção de gases com efeito de estufa nem pondo em causa a produção de alimentos, dois dos efeitos adversos detectados logo após o entusiasmo pelos combustíveis verdes.
A Europa vai, em grande parte, ainda que procure a eficiência energética, depender em muito do comércio de emissões com países menos desenvolvidos. Em troca, promete também, além dos euros, a transferência de tecnologia limpa de apoio à indústria dos mais pobres.O empenhamento europeu nas decisões desta cimeira não é "apenas" solidário. A UE sabe que parte do seu território será transformada, com vantagens ou desvantagens, pelas alterações climáticas. Serão os países do Sul a perder mais.