Acordo é desfecho mais provável, pois um tratado obrigaria a metas fixas.
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Um acordo em que os países, sobretudo os maiores emissores de CO2, se comprometam com metas de redução seria já desfecho desejável para as negociações sobre o clima que hoje começam em Copenhaga.
Tal como há diversos cenários sobre o aquecimento do planeta, também há cenários sobre a temperatura que as negociações podem atingir no decorrer da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. De todos, o mais preocupante para o Painel Internacional para as Alterações Climáticas, seria uma ruptura das negociações e uma transferência de decisões para outra cimeira num qualquer mês de 2010.
Mas, nesta fase de arranque, as expectativas viram-se para dois outros cenários, que estarão sempre presentes até ao encerramento dos trabalhos em Copenhaga. Um deles é expresso pelo secretário-geral das Nações Unidas: a cimeira terminará com um acordo assinado por todos os Estados intervenientes e tendo como protagonistas os principais poluidores. Neste pacote terão que marcar presença sobretudo a China, os Estados Unidos, a Índia, o Japão, o Brasil, a União Europeia, a Rússia e a Austrália, quase todos eles com declarações de intenções recentes nesse sentido, mas sob reserva.
Esta primeira semana de negociações é ocupada pela tentativa de articulação entre os dados científicos e as "ofertas" dos países em termos de redução e de contrapartidas para tecnologias verdes. Tudo, para que a soma de taxas de redução, interesses económicos, comércio de emissões, graus de desenvolvimento e calendários possam dar um resultado traduzível para o ambiente da Terra. Ou seja: a atmosfera do planeta não pode aquecer mais de dois graus por referência à temperatura média global que tinha quando, há 150 anos, os processos de produção começaram em força a recorrer aos combustíveis fósseis.
É tido como irrealista esperar que alguns dos países com maior significado subscrevam um tratado, fórmula que obrigaria a cumprimentos restritos, em termos de calendário e taxas de redução e com penalizações. O facto de o presidente dos Estados Unidos não o poder fazer, logo à partida exclui essa hipótese. Obama está condicionado nas decisões pelo Senado. Ainda assim, promete baixar em 17% as emissões em 2020 tendo como referência o ano de 2005 e não 1990, como acontece com os países subscritores do Protocolo de Quioto, em que a Europa está incluída.
No meio destas vozes, de entre os industrializados e os que estão em vias de desenvolvimento, far-se-ão ouvir os muito pequenos, ameaçados pela subida dos mares. A Aliança dos Pequenos Países Insulares levará o recado mais dramático à cimeira do clima.