O primeiro caso de morte confirmada por "legionella" no hospital de Vila Franca de Xira vitimou um homem já com problemas respiratórios e com morbilidades associadas, tendo a infeção potenciado esse quadro clínico já de si negativo. Há 90 casos de infeção diagnosticados.
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"O doente que faleceu já tinha morbilidades associadas, tinha doenças respiratórias, doença pulmonar obstrutiva crónica, era um fumador e já tinha uma pneumonia, ou seja, já tinha uma doença do foro pneumológico, o que faz com que o quadro clínico seja mais complicado", disse à Lusa uma fonte oficial do hospital de Vila Franca de Xira, onde, este sábado, morreu o primeiro doente infetado com "legionella", com 59 anos.
Às 20.00 horas, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, indicou que havia 90 casos diagnosticados.
O hospital de Vila Franca de Xira registou, até ao final da tarde deste sábado, 59 casos de infeção por "legionella", com seis doentes em estado crítico, anunciou fonte hospitalar.
"Alguns doentes que tiveram um caso menos grave foram medicados e foram para casa", acrescentou.
O diretor clínico do hospital de Vila Franca de Xira garantiu que o hospital está preparado para lidar com o surto de "legionella" e admitiu que não há ainda informações sobre a origem desta infeção.
"Temos tudo o que precisamos, não temos um aumento de afluência ao hospital, a afluência é a que se verifica durante as noites e durante todo o ano, por isso para além destes problemas, temos o banco de urgência com as situações mais díspares", disse o diretor clínico do hospital, Carlos Rabaçal, em declarações aos jornalistas no hospital.
O responsável clínico confirmou o primeiro óbito, acrescentando que há pessoas infetadas entre os 31 e os 90 anos, e aconselhou a população a falar primeiro com a Linha de Saúde 24 antes de ir a qualquer urgência.
"O conselho é que se as pessoas tiverem febre, dores no corpo, expetoração, devem chegar ao hospital se isso lhes for indicado pela Saúde 24. Se depois os doentes forem orientados para a nossa urgência, podem vir", disse, assegurando que o hospital tem capacidade para tratar deste caso.
Questionado sobre as origens deste surto de "legionella", o responsável clínico disse não ter qualquer ideia, mas vincou que essa não é a sua preocupação principal.
"Essa situação está a ser tratada pelas autoridades, não nos compete a nós averiguar isso. O que sabemos é que as pessoas são das mesmas freguesias - Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria e Vialonga - e continuamos a trabalhar de forma articulada com as delegações de saúde e com a ARS, mas há informações que não nos podem ser pedidas a nós", respondeu Carlos Rabaçal.
"Não há suspeita sobre o que levou a isto", conclui o diretor clínico do hospital de Vila Franca de Xira.
Questionado sobre as máscaras que alguns doentes e até médicos estão a usar, o médico disse que "não há cuidados a ter pelos outros doentes" e que "as máscaras existem para proteger os nossos doentes", sublinhando que "não há contaminação de pessoa a pessoa, de nenhum tipo".
Não existe também, vincou, "transmissão da doença por contacto entre pessoas nem é contraída pela ingestão de água".
Na sexta-feira deram entrada no Hospital de Vila Franca de Xira 27 pessoas com queixas do foro respiratório, tendo mais tarde aquela unidade hospitalar confirmado tratar-se de infetados com a bactéria "legionella".
A bactéria "legionella" é responsável pela Doença dos Legionários, uma pneumonia grave, cuja infeção se transmite por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada.