Foi há três meses que o Leandro morreu, no rio Tua, depois de ter saído da escola Luciano Cordeiro, à hora de almoço, sem que ninguém o impedisse. A mãe da criança de 12 anos continua com esperança de que o inquérito judicial seja justo e responsabilize a escola.
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Na pausa para o almoço, após mais uma manhã de aulas na empresa de ensino e formação profissional onde frequenta o curso de Geriatria, em Mirandela, Amália Nunes desloca-se, de mão dada com a filha de 9 anos e mais duas colegas, ao café Batalhão, a uma centena de metros da escola, caminho que percorre de segunda a sexta-feira.
Ainda sem deixar o luto, a mãe de Leandro acedeu falar alguns instantes com o JN sobre o que mudou nos últimos três meses. "Mudou tudo na minha vida, sinto um vazio muito grande pela falta do meu filho", afirma.
Boa ajuda têm sido os encontros na associação Nossa Ancora, instituição particular de solidariedade social que incentiva pais em luto a encontrarem novos estímulos, para que consigam alguma serenidade e aprendam a viver com uma ferida que nunca sara totalmente. "É importante, porque vemos mais pessoas a sofrer da dor que é a perda de um filho e, como vamos desabafando, parece que saímos de lá mais aliviados. Mas depois voltamos ao mesmo", diz Amália.
No último mês, tem a seu cargo os dois filhos, porque o marido está em França, em trabalho sazonal. "Teve de ir à apanha do morango. A vida tem de continuar e as despesas são muitas".
Já quanto aos irmãos de Leandro, as reacções têm sido diferentes. "A Ana Catarina está a recuperar bem, mas o Márcio" (irmão gémeo de Leandro) "está totalmente diferente, não tem nada a ver com a criança que era. É acompanhado por um psicólogo, mas está revoltado com tudo e todos", conta Amália, desviando o olhar para conter as lágrimas.
Outra preocupação começa a assolar esta mãe. A partir de Setembro, Ana Catarina vai deixar a escola de Carvalhais, passando para a Luciano Cordeiro.
"Estou muito assustada, porque entendo que aquela escola não tem condições de segurança", diz Amália Nunes.
A Inspecção-Geral de Educação isentou a escola de responsabilidades na morte do Leandro, mas apontou falhas do porteiro, levando o município a instaurar-lhe um processo disciplinar. Amália, porém, entende que "os que mandam na escola têm mais culpa que o porteiro". E continua a ter "esperança de que se faça justiça e que se encontrem os responsáveis pela morte do filho".