O Ministério da Saúde quer acabar com o que considera ser o "laxismo social" em relação ao consumo de cannabis, mostrando também preocupação com o aumento do consumo de cocaína e de heroína.
Corpo do artigo
Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Leal da Costa, considerou que a grande prioridade na área das dependências é a prevenção, não só em relação a novas drogas, como também sobre o tabaco e o álcool, com os indicadores a mostrarem um aumento do consumo entre a população mais jovem.
"Estamos particularmente preocupados com os novos consumos. Refiro-me a questões que têm a ver com o consumo de cocaína, que tem vindo a aumentar, com o problema dos novos psicotrópicos (as chamadas drogas recreativas) e muito preocupado com um laxismo social que existe em torno do uso da cannabis", afirmou o governante.
Para Leal da Costa, Portugal está a passar por um processo de "desinformação progressiva dos jovens" relativamente aos riscos envolvidos no uso de cannabis: "Queremos desmistificar a ideia de que o consumo de cannabis não é perigoso ou de que é menos perigoso que o tabaco".
"Vamos gastar o que tivermos de gastar"
Num momento de crise económica e financeira, o responsável diz que os problemas da prevenção do consumo de substâncias aditivas são centrais.
"Se não diminuirmos a carga da doença nunca vamos conseguir controlar a espiral de crescimento de custos do Serviço Nacional de Saúde", lembrou, adiantando que a prevenção é mais barata do que as intervenções curativas.
"Vamos gastar o que tivermos de gastar em medidas preventivas que sejam realmente eficazes. Os ganhos económicos são muito maiores do que estarmos depois a tratar as doenças já instaladas".
No que respeita ao consumo de heroína e de drogas endovenosas, o governante admite que há sinais de que possa estar novamente a aumentar e garante que também haverá "uma actuação muito concreta" nestas drogas.
Em relação ao álcool e ao tabaco, o Ministério da Saúde pretende agir junto dos novos consumidores, apontando para um "preocupante" aumento de consumo junto dos mais novos, sobretudo no que respeita às bebidas alcoólicas.
Apesar de reconhecer que a nível de aumento de imposto sobre o tabaco se poderia ir mais além, Leal da Costa diz que é possível actuar também pela vida da legislação e da formação de comportamentos.
Segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2012, o imposto sobre o tabaco vai aumentar de 45% para 50%. No caso do tabaco de enrolar sobe para 61,4%.