Os países árabes e africanos, bem como outras regiões em vias de desenvolvimento, acreditam que as nações ricas são as principais culpadas pelas alterações climáticas e vão exigir na cimeira de Copenhaga ajudas e compensações.
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A região do Médio Oriente e do Norte de África apresenta uma das maiores taxas de crescimento das emissões de gases com efeito de estufa, em parte pelo uso incorrecto da energia, mas a sua quota de emissões e o respectivo impacto são pouco relevantes.
Com um acesso deficiente às tecnologias necessárias e sem capacidade de suportar as verbas necessárias para enfrentar as mudanças climáticas, os países árabes questionam-se porque têm de ser responsabilizados por um problema que não criaram.
Um relatório do Banco Mundial, publicado em finais de Setembro, assegura que os países desta região vão precisar entre 75 milhões a 100 milhões de dólares anuais até 2050 para adaptar-se às alterações climáticas e garantir o bem-estar das populações.
Mas a região teme outra consequência: a descida das receitas das exportações de petróleo.
Os países árabes do Golfo, liderados pela Arábia Saudita, já divulgaram que vão exigir compensações económicas, sobretudo se sair da conferência internacional de Copenhaga a decisão de reduzir a venda de crude.
Na capital dinamarquesa também serão ouvidas as exigências dos países africanos.
Os investigadores consideram que África contribui muito pouco para a poluição que está a provocar as alterações climáticas, mas é muito provável que o continente seja o mais atingido por secas, inundações, ondas de calor e pela subida dos níveis do mar.
Na actualidade, 16 dos 20 países mais afectados pelas alterações estão localizados na África subsariana, que não detém recursos financeiros para lidar com esta realidade.
Em Agosto último, a União Africana (UA) fez saber que vai pedir 46,8 mil milhões de euros por ano, a partir de 2020, aos países industrializados, como compensação pelos efeitos das alterações climáticas nos países africanos.
Outra exigência da UA é uma redução em 40 por cento das emissões poluentes dos países desenvolvidos.
Do lado das nações asiáticas, a posição assumida recentemente pelo governo do Bangladesh não podia ser mais clara. "Não podemos aceitar um falhanço na Cimeira de Copenhaga", afirmou, em meados de Novembro, a primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina.
A governante apelou aos países desenvolvidos que ajudem as nações mais vulneráveis às alterações climáticas, da mesma forma que socorreram as economias afectadas pela recessão económica.
"Se os países desenvolvidos podem injectar biliões de dólares para melhorar a situação económica, podem certamente ser igualmente generosos para nos salvar a nós, a eles e ao mundo", disse ainda Sheikh Hasina.
Segundo um estudo publicado em Maio em Genebra pelo Fórum Humanitário Mundial, os países em desenvolvimento deverão sofrer 90 por cento das consequências humanas e económicas das alterações climáticas.