O primaz da Irlanda, no centro de uma polémica por não ter denunciado abusos sexuais dos quais tinha tido conhecimento, pediu hoje, quarta-feira, desculpa e disse ter vergonha por não ter defendido os valores que professa.
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Famílias de vítimas apelaram para a demissão do cardeal Sean Brady, depois de a Igreja católica da Irlanda ter reconhecido que o primaz tinha participado em duas reuniões em 1975 durante as quais duas presumíveis vítimas de abusos sexuais tinham assinado promessas de silêncio.
"Queria dizer a todos aqueles que foram afectados por faltas da minha parte, que lhes peço perdão do fundo do coração", declarou o cardeal Brady durante uma homilia na catedral de Armagh (Irlanda do norte), segundo um comunicado da igreja publicado em Dublin.
"Também queria apresentar as minhas desculpas a todos aqueles que têm a impressão de que os deixei cair", adiantou.
"Recuando, tenho vergonha de não ter defendido sempre os valores que defendia e nos quais acredito", disse.
O primaz da Irlanda tinha afirmado segunda feira que só apresentaria a demissão a pedido do Papa Bento XVI.
Segundo a Igreja católica, o cardeal Sean Brady participou em duas reuniões em 1975, quando era padre.
Durante aquelas reuniões, duas presumíveis vítimas "assinaram compromissos prometendo respeitar a confidencialidade da recolha de informações", confirmou a Igreja.
As autoridades eclesiásticas investigavam na altura o padre Brendman Smyth, considerado como responsável pelos abusos sexuais de centenas de crianças durante um período de 40 anos e que morreu na prisão depois de ter sido detido nos anos 1990.
Na rádio BBC Ulster, o cardeal Brady tinha explicado segunda feira que reinava há 35 anos uma cultura de "silêncio" e de "segredo" em relação aos abusos sexuais tanto na igreja como no âmbito da sociedade civil e que não tinha considerado ser da sua responsabilidade de denunciar a pedofilia.