Lars Lokke Rasmussen nega que a Dinamarca tenha apresentado um documento sobre um acordo na conferência sobre as alterações climáticas. O texto não é consensual e está a levantar críticas.
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"Diz-se que circulam muitos papéis, o que sei é que a Dinamarca não apresentou qualquer proposta", afirmou Lars Lokke Rasmussen, à saída de uma reunião do Comité de Assuntos Externos do parlamento dinamarquês.
O texto de 13 páginas que apareceu ontem, terça-feira, foi considerado pelo responsável dinamarquês como "um documento de trabalho" e uma proposta para tentar obter um consenso para um acordo na próxima semana.
Lars Lokke Rasmussen referiu que a sessão plenária vai realizar no sábado um debate sobre o estado das negociações e que a Dinamarca poderá apresentar uma proposta de acordo se não se tiver registado um avanço substancial nas deliberações.
"Se no plenário não houver uma base que torne realista ter êxito nas negociações políticas da próxima semana para adoptar um acordo ambicioso, quando chegarem os chefes de Estado e de Governo, pode ser que a Dinamarca apresente uma proposta este fim-de-semana", afirmou.
Uma "ameaça”
O projecto de texto dinamarquês, que circula nos corredores da cimeira de Copenhaga, "ameaça o sucesso das negociações" sobre o clima, considerou um representante do Grupo dos 77 (G77), coligação que representa 130 países em desenvolvimento.
Lumumba Stanislas Dia Ping, chefe da delegação sudanesa, cujo país preside actualmente ao G77, diz que o texto em causa constitui "uma grave violação que ameaça o sucesso do processo negocial de Copenhaga".
As organizações não-governamentais também criticam o texto dinamarquês, por recearem que deixe as Nações Unidas à margem do processo negocial para um acordo sobre o aquecimento global.
O texto, de oito páginas, aborda as condições para a redução, até 2050, em 50 por cento das emissões de dióxido de carbono, a partir dos valores de 1990.
Delegações de 192 países estão reunidas até 18 de Dezembro em Copenhaga naquele que é já considerado o maior e mais importante encontro de sempre sobre o clima.
O objectivo é chegar a um consenso em relação a um texto para um acordo legalmente vinculativo, que concretize os objectivos necessários para assegurar que o aquecimento global não será superior a dois graus centígrados em relação à era pré-industrial.
Está confirmada a presença de mais de cem chefes de Estado e de Governo na conferência de Copenhaga, convocada pela ONU, a que também assistirão cerca de 15 mil delegados e o próprio secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. O primeiro-ministro português, José Sócrates, participará na cimeira.