Delgado Domingos põe em causa consenso relativo à mudança do clima
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Catedrático do Instituto Superior Técnico (IST), Delgado Domingos ataca abertamente o consenso sobre as alterações climáticas.
Há um aquecimento global? A que se deve?
Têm havido, ciclicamente, aquecimento e arrefecimento global da atmosfera. Durante a Idade Média, entre aproximadamente os anos 1000 e 1350, no chamado período quente medieval, as temperaturas teriam sido superiores às actuais e a Gronelândia (Greenland) foi colonizada pelos Vikings. Seguiu-se um arrefecimento até ao início da Revolução Industrial. Desde então a tendência geral foi de aquecimento, embora com períodos de arrefecimento, como entre os anos 40 e 80. O período actual é de aquecimento mas parou desde 1998. O aumento das médias da temperatura global foi de apenas 0,8 ºC o que no registo climático dos últimos mil anos não tem nada de anormal. Apesar das emissões terem aumentado aceleradamente e segundo os piores cenários, a temperatura não aumentou nos últimos dez anos, tanto nos continentes como na camada superior dos oceanos.
Devemos reduzir as emissões?
É indiscutivelmente necessário reduzir o consumo de combustíveis fósseis devido à poluição que provocam (partículas, óxidos de azoto, ozono, CO, etc.) o que reduzirá as emissões de CO2eq. A utilização de energia é sempre uma agressão ambiental e em última análise é o seu consumo que é necessário reduzir. É absolutamente necessário prever e controlar os efeitos das alterações no uso do solo e as alterações climáticas locais que provocam e cujos efeitos se têm vindo a agravar. As reduções de emissões que sido apontadas como imprescindíveis para evitar a catástrofe climática são decisões políticas sem séria justificação científica, além de fisicamente irrealizáveis sem um dramática mutação no nosso actual modo de vida, facto que os políticos escamoteiam . O ridículo concurso da UE para ver quem corta mais é perigoso, irrealista e puramente demagógico. Agora até propõe 30%. Se for aprovado em Copenhaga não é para ser cumprido.
Como se posiciona em relação ao consenso sobre a correlação entre os aumentos da temperatura e da concentração de gases?
Em Ciência não há consensos, mas sim factos experimentalmente comprováveis. A Ciência não se faz por votação. O consenso de que fala é de natureza politico/ideológica e é invocado, consciente ou inconscientemente, com intuitos manipulatórios. Correlação não significa relação de causa-efeito. Entre 1850 e 1900, as emissões subiram e a temperatura desceu. O mesmo sucedeu entre os anos 40 e 80 e volta a acontecer desde 1998. Como uma vezes é negativa e outras positiva, de que correlação se está a falar quando se invoca?
E em relação aos cépticos?
Por definição um cientista é um céptico porque não aceita argumentos de autoridade mas sim teorias validáveis e validadas e factos observados concretos.
Defensores do consenso dizer desconhecer artigos em revistas com sistemas de arbitragem que o contradiga. Conhece algum?
A pergunta é tendenciosa e manipulatória pois não esclarece a que posições se refere. Se se refere à posição de que a causa do aquecimento global são as emissões de CO2eq, há milhares de artigos com sistemas de arbitragem por pares que o contradizem. Encontra dúvidas no próprio relatório fundamental do IPCC, embora tenham sido suprimidas no Sumário para Decisores Políticos. Pode consultar as referências a esses trabalhos nas minhas intervenções em http://jddomingos.ist.utl.pt. Encontra centenas se for diligente e competente.
Diz que cientistas do IPCC boicotam o acesso de cépticos a revistas científicas. Como?
A demonstração mais fácil encontra-se nos emails e ficheiros entre o grupo muito restrito de cientistas que elaborou o SPM e procurou controlar todo o processo de elaboração de conclusões para uso dos políticos. Pesquise no Google sobre "Climagate" e escolha entre os milhões de referências. Por alguma razão, um dos principais responsáveis, o Prof.Phill Jones, Director do mais influente e alarmista dos centros, o CRU (Climate Research Unit) da Unversidade de East Anglia foi suspenso para facilitar um inquérito que esperemos seja sério. Os mais importantes emails e ficheiros revelados deveriam ter sido obrigatoriamente disponibilizados face à legislação de acesso aos dados e que o CRU claramente violou, nomeadamente ao destruir e suscitar a outros a destruição de dados e emails comprometedores.