Um em cada três alunos com 15 anos em Portugal repetiram pelo menos um ano lectivo, com custos directos superiores a 12% do orçamento escolar, revela um estudo da OCDE.
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"A repetição de ano é praticada em muitos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE): 13% dos alunos com 15 anos já repetiram pelo menos um ano no ensino primário ou secundário. Esta proporção é particularmente alta em França, Luxemburgo, Espanha, Portugal e Bélgica, países onde afecta mais de 30% dos estudantes", indica o relatório "Equidade e Qualidade em Educação - Apoiar estudantes e escolas desfavorecidas".
No âmbito dos membros da OCDE, a despesa de Portugal com os repetentes é apenas superada pela da Holanda, que apesar de apresentar os mesmos 35% nos alunos com 15 anos, despendeu 15% do orçamento escolar com estes estudantes.
Espanha, Luxemburgo e França também surgem entre os países com maior número de estudantes que aos 15 anos têm pelo menos um chumbo, com percentagens entre os 35% e os 40%.
No entanto, destes três países, apenas a Espanha apresenta um custo directo com a repetição de ano ligeiramente superior ao de Portugal, enquanto que no Luxemburgo e França essa percentagem é inferior aos 3%.
"Na Bélgica, Holanda, Portugal e Espanha, os custos directos da repetição de ano consomem mais de 8% do gasto anual na educação primária e secundária. Além disso, uma vez que os estudantes que repetem um ano são mais propensos a comportamentos de risco ou abandono escolar, a repetição aumenta os gastos noutros serviços sociais", indica o relatório.
Finlândia é exemplo
Fora da OCDE, o Brasil surge com 40% dos alunos com 15 anos com pelo menos um chumbo e apresenta custos directos na ordem dos 9% do orçamento escolar.
Macau possui uma taxa de reprovação de 44% nesta faixa etária e custos directos de 15% sobre as verbas afectas ao ensino.
"Os custos financeiros da repetição de ano académico são bastante grandes, tanto individualmente como para a sociedade. Os custos directos para os sistemas escolares são bastante elevados, uma vez que atrasam a educação e a entrada no mercado de trabalho", salienta o documento.
A OCDE refere que muitos países introduziram reformas para reduzir o uso da repetição de grau académico, destacando neste caso o exemplo da Finlândia.