<p>Uma advogada, uma psicóloga, uma esteticista e várias universitárias estavam entre as nove mulheres que passaram o último domingo a treinar krav maga, uma técnica de defesa pessoal israelita. Todas à procura de segurança. </p>
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Lina Carvalho, 34 anos, descobriu o krav maga em Janeiro, através do ginásio que frequenta. E, muito rapidamente, decidiu que queria aprender esta técnica, criada há mais de 50 anos e utilizada pelas forças militares e pelos serviços secretos de Israel. Tendo já treinado artes marciais, como o aikido, esta advogada não tem dúvidas: "O krav maga é tipo o 'fast-food' da defesa pessoal. Aprende-se muito mais rapidamente e é bastante mais eficaz".
"Prezo muito a minha liberdade e não prescindo de me deslocar a qualquer hora e a qualquer lugar que necessite. Com o krav maga, sinto-me mais segura", diz a advogada, garantindo que a técnica é "fácil" de aprender, porque está "muito ligada ao instinto". "Utilizam-se movimentos que qualquer pessoa faz naturalmente numa situação de stress em que consiga reagir".
Luísa Carlos, 27 anos, confirma que o krav maga é "bastante mais prático" do que as várias artes marciais que já treinou. "Aqui aprende-se a reagir com movimentos mais eficientes", diz, adiantando que, há ano e meio, optou pelo krav maga por ser, simultaneamente, um desporto "divertido" e uma técnica "útil" que lhe pode vir a ser decisiva em situações de perigo. A seu lado, a amiga Susana Filipe, 27 anos, que se está a iniciar no treino, também acredita que a técnica a pode ajudar a "ter a reacção certa, mais eficiente e eficaz em cada situação".
Reagir a tentativas de agressão, roubo ou mesmo violação são algumas das situações treinadas pelos instrutores da International Krav Maga Federation (IKMF) Portugal nos seminários para mulheres, como o que decorreu domingo em Alcabideche, Cascais. "O importante é aprender a usar o corpo como a primeira arma de defesa pessoal natural", diz Nuno Jesus, explicando que as unhas compridas, malas e saltos altos são excelentes instrumentos para atingir os agressores. O importante é saber "acertar em ponto vitais" - pontapés fortes nos genitais e canelas, dedos nos olhos e garganta - de modo a imobilizar o agressor e conseguir fugir.
"Trabalhar na explosão e na surpresa" é outro dos conselhos. Moisés Frutuoso, instrutor, garante que qualquer pessoa pode aprender krav maga, mas insiste que o treino frequente (mínimo duas vezes por semana) "é essencial para ter o corpo e a mente treinadas para reagir".
Sara Loureiro, 20 anos, estudante de Gestão, é uma das mais recentes instrutoras de krav maga em Portugal. Sempre gostou de desportos de luta mas, nesta técnica, garante que "não é a força que conta, mas o tipo de reacção e a explosão". No seu caso, tem apenas 1,53 metros de altura, mas sente-se agora apta a "fazer frente a uma pessoa alta e forte". Com o domínio do krav maga, passou a andar na rua de cabeça erguida. E avisa: "aqui vale tudo". Até arrancar olhos, se for preciso.