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Não há idade para fazer campanha nem nenhum regime de exclusão se aplica em razão do histórico. São todos livres de aparecer, estoicos, a fazer valer lembranças de outros tempos, depósitos de história e arquivo, memória activa. A presença dos históricos (alguns deles barões) dos partidos em campanha é muitas vezes reservada para o fim da linha ou para a recta final antes das urnas, um sinal dado aos saudosistas para não desistirem das convicções em nome do voto passado. Votaste em mim, dir-te-ei quem és.A (des)crença na vitória é bem medida pela presença do aparelho. A mobilização das bases é importante para a campanha, números redondos nas ruas e comícios, mas dificilmente cria a percepção de que há alinhamento para uma vitória eleitoral. Pode-se cantar vitória, mas a cantoria é desafinada quando boa parte das figuras mais importantes dos partidos se encolhe, escolhe a distância e opta pelo desaparecimento ou por frases de circunstância em lugares longínquos de apoio. Mais do que apoios velados, mostram que velam o futuro defunto. Olhando para os desaparecidos sem combate, é bem evidente como a crença em Pedro Nuno Santos não revela fumo branco.
O BPN e o BES podem não ser bons cartões de visita para Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho mas, depois de aparecerem, é inimaginável que não permaneçam ao lado de Luís Montenegro, garantindo a fiabilidade da rodagem Spinumviva. Maria Luís Albuquerque e Durão Barroso não tardarão. Se, à semelhança de Cavaco Silva, para serem mais honestos tiverem que nascer duas vezes, o PSD renasceu na comemoração dos seus 50 anos, juntando as improbabilidades ao quase impossível. A presença de Rui Rio, independentemente de todas as conjecturas, tem uma leitura óbvia e ganhadora, a de que há um partido que não desconfia da sua vitória a 18 de maio.A presença de notáveis na campanha do PS é ainda uma metáfora. Ilustres ausências. Há momentos-chave em que não há volta atrás para os que convocam em chamamento. Agora, depois das marés, percebe-se que Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda não podem ser acusados de falta de comparência num momento crítico para o BE. Solidariedade. Há um PS que não consegue apelar aos mínimos históricos e isso é desastroso para uma campanha que, a dias da resolução, não alarga nem agrega.
*O autor escreve segundo a antiga ortografia