A presidente da Assembleia da República admitiu, esta segunda-feira, que o parlamento "não deve fechar" a hipótese de os restos mortais de Eusébio serem depositados no Panteão Nacional, decisão que cabe aos grupos parlamentares.O grupo parlamentar do PSD defende que Eusébio merece as honras do Panteão Nacional e vai propor que isso aconteça daqui a um ano, nos termos da lei.
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Questionada pelos jornalistas na Assembleia da República, Assunção Esteves sublinhou que "a questão do Panteão depende de uma decisão do parlamento, não depende de uma iniciativa da presidente nem do poder da presidente, depende do poder dos grupos parlamentares".
A colocação no Panteão Nacional do corpo do antigo futebolista, que morreu domingo, aos 71 anos, "é uma questão de capacidade e de iniciativa interna ao parlamento", destacou, lembrando que, normalmente, são os grupos parlamentares que apresentam uma proposta nesse sentido.
Sublinhando falar em nome pessoal, Assunção Esteves acrescentou: "Essa possibilidade poderá realizar-se, eventualmente, num médio prazo ou num curto prazo. Não excluo que haja essa iniciativa pelas razões evidentes, que todos nós conhecemos, que é a singularidade de Eusébio", salientou.
A presidente da Assembleia da República sublinhou que esta operação envolve "custos mesmo muito elevados, na ordem de centenas de milhares de euros", a suportar pelo orçamento do parlamento.
Sobre este ponto, Assunção Esteves sugeriu uma "partilha de custos", ao abrigo de "uma espécie de mecenato", que em Portugal ainda não está suficientemente desenvolvido, admitindo que o processo não seja suportado pelo parlamento, mas por "um grupo de cidadãos ou uma associação".
"Penso - é a minha opinião, provavelmente estou a ser muito temerária - que o parlamento não deve fechar essa hipótese, desde que haja uma razão para as coisas. A partilha nos custos, sobretudo em termos de crise, é uma cultura que também temos de começar a explorar", sustentou, falando aos jornalistas no final da sessão de abertura do Seminário Diplomático, que decorre esta segunda e na terça-feira na Assembleia da República.
Partidos concordam
"No grupo parlamentar do PSD não temos dúvidas de que Eusébio merece as honras do Panteão Nacional e não deixaremos de propor que o mesmo lhe seja concedido daqui a um ano, nos termos da lei", afirma Luís Montenegro, líder da bancada social-democrata, numa declaração enviada à agência Lusa.
"Mas hoje evocamos em Eusébio o orgulho de ser português e a ambição de procurarmos a excelência em tudo o que fazemos", acrescenta o líder parlamentar do PSD.
Na mesma declaração escrita, Luís Montenegro considera: "O mais importante no dia de hoje é partilharmos com os portugueses a partida de um símbolo da nossa identidade nacional, um português simples, solidário, patriota e um desportista de excelência".
O líder do grupo parlamentar do PS, Alberto Martins, solicitou à presidente da Assembleia da República que a conferência de líderes analise a possibilidade de os restos mortais de Eusébio serem depositados no Panteão Nacional.
"A morte de Eusébio da Silva Ferreira (Eusébio) provocou uma grande consternação nacional e de homenagem pela sua dimensão de desportista ímpar e de referência internacional de Portugal e da Lusofonia", afirmou Alberto Martins, numa carta dirigida a Assunção Esteves.
No mesmo sentido, o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, considerou que o papel de Eusébio na promoção do nome de Portugal justifica a deposição dos seus restos mortais no Panteão Nacional.
"Na nossa opinião, tendo em atenção o papel que Eusébio da Silva Ferreira teve na promoção do nome de Portugal, as alegrias e o orgulho que deu aos portugueses e, sendo qualificado e bem por pessoas de diferentes quadrantes como "um símbolo nacional, naturalmente que se justifica que seja trasladado para o Panteão Nacional", afirmou.