Teve início, esta quarta-feira, a ronda de interrogatórios que a Justiça espanhola lançou para investigar as suspeitas de corrupção em torno do partido do Governo. O caso já se converteu num escândalo sem precedentes.
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O ex-tesoureiro do PP espanhol, Luis Bárcenas, negou ontem a existência de financiamento ilegal no partido durante a declaração que fez perante o departamento anticorrupção. Bárcenas terá ainda realizado uma prova caligráfica. O ex-tesoureiro negou que a letra que figurava nos manuscritos publicados fosse sua.
Após ser interrogado durante quase três horas sobre a suposta contabilidade paralela que existiu no PP entre 1990 e 2008, o responsável tentou evitar os jornalistas e o grupo de cidadãos que o esperava com gritos como "ladrão" e "delinquente".
O departamento anticorrupção espanhol iniciava assim a recolha de depoimentos junto dos principais implicados no alegado financiamento irregular no partido do Governo. Também o ex-deputado popular Jorge Trías Sagnier foi chamado ontem a declarar como testemunha, após ter reconhecido, num artigo publicado no "El País", que o partido pagava salários "extra" a elementos da cúpula diretiva. Ao sair, declarou aos meios de comunicação ter "cumprido o dever".
Para quinta-feira está prevista a declaração de Álvaro Lapuerta, de 85 anos, também ex-tesoureiro do partido, que já negou publicamente a existência de uma contabilidade oculta no PP.
Entretanto, o barómetro do Centro de Investigações Sociológicas, ontem publicado, dava conta de um aumento da preocupação dos espanhóis em relação à corrupção, que é visto como o quarto principal problema para o país (depois do desemprego, a economia e os políticos). A sondagem demonstra ainda que, antes do "escândalo Bárcenas", o PP já mostrava uma queda nas intenções de voto.
Casa Real desmente pressão
A Casa do Rei de Espanha garantiu ontem que nenhum elemento da família real tentou convencer a infanta Cristina a divorciar-se de Iñaki Urdangarín.
A reação surge após as informações divulgadas pela Imprensa dando conta de pressões internas para que a filha mais nova do rei Juan Carlos renuncie ao título de duquesa de Palma ou se divorcie do ex-desportista devido ao facto deste ser suspeito de apropriação de fundos públicos.
Por sua vez, Urdangarín anunciou ontem que irá recorrer ao Tribunal Constitucional para pedir a anulação da fiança de oito milhões de euros, uma vez que esta lhe provocaria um "empobrecimento injusto".