Uma semana de férias em conjunto para esquecer o cancro e aproveitar a vida: nova série espanhola mistura drama e comédia e ganha popularidade na Netflix.
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Carol (Maria Rodríguez), Olga (Godeliv Van den Brandt), Sara (Itsaso Arana), Alma (Mónica Miranda) e Leo (Mariona Terés), cinco mulheres na casa dos 30, conhecem-se desde os tempos da escola, quando a ordem dos apelidos as juntou na fila de trás, o que dá o curioso e enigmático título a esta minissérie espanhola de 6 episódios.
Diferentes umas das outras, fisicamente, nas opções de vida, no posicionamento social, nos sonhos e anseios, nas desilusões que sofreram, como todos os anos, partem para férias em conjunto, de Madrid até um destino balnear. Mas, desta vez, há uma diferença basilar; todas raparam e doaram o cabelo em homenagem a uma delas – quem, só saberemos no final – que tem cancro e vai iniciar depois a quimioterapia.
E também decidiram acrescentar outro fator àquele tempo em conjunto, que é simultaneamente de liberdade, de fuga à realidade quotidiana, às obrigações, aos horários, aos relacionamentos, e de reencontro de umas com as outras: cada dia irão descobrir uma tarefa, previamente escritas por todas, que as levará a algo que nunca experimentaram, a que nunca se atreveram, como dormir com uma mulher ou cometer um crime. Ao longo dos dias vão suceder-se as tensões, as memórias, os (re)encontros, os risos e as lágrimas, emoções em catadupa, aproximações e zangas, a descoberta própria e das outras, as dúvidas do futuro.
História de caráter iniciático, com uma forte carga dramática sempre omnipresente, “As da fila de trás” surpreende pela facilidade com que o seu tom saltita entre a comédia pura e a reflexão profunda e introspetiva, tanto provocando gargalhadas pelo inesperado e cómico das situações, quanto deixando um nó na garganta quando as saudades apertam ou a realidade se afirma e as obriga a ponderar o inevitável.
No final, uma delas, afirma que “a verdadeira viagem começa agora”. No fim. Depois daquilo a que assistimos. Começa, continuando depois das experiências que inevitavelmente as transformaram, ou recomeça, dotando tudo com novas perspetivas e sonhos. Sendo que a realidade é a realidade e é pouco dada a mudanças...