Yoshimasa Sugawara tem 76 anos e é uma lenda do Dakar. Está no Guinness por ser o piloto com mais participações na prova.
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Uma reportagem sobre o Dakar foi tudo o que Yoshimasa Sugawara, acabado de entrar nos quarentas, precisou para descortinar todo um mundo novo. Vivia-se em 1980, altura em que este senhor japonês fazia vida na pacata Otaru e a mais dura prova de rali todo-o-terreno ainda dava os primeiros passos rumo ao mediatismo que lhe é reservado nos tempos que correm. Quase 40 anos depois, o mesmo Yoshimasa está no Guinness como aquele que tem mais presenças consecutivas na prova.
Com a deste ano, são já 35 as edições do Rali Dakar que contaram com a presença do senhor Sugawara. Ficou cinco vezes em segundo lugar, mas nunca ganhou, coisa que, no entanto, não chega para o livrar da admiração do pelotão que, ano após ano, se mete em trabalhos à procura da adrenalina. Chamam--lhe o "avô do Dakar" e alguns só se mexem no acampamento para ir ter com ele e serem brindados com o sorriso que já se fez famoso entre a comitiva.
Mas não foi sem passar por várias provações que Yoshimasa Sugawara se tornou uma lenda do Rali Dakar. Na estreia, desistiu. E ao fim de três participações pensou e repensou se tudo aquilo valia a pena. Eram as distâncias, os custos, a logística, a barreira linguística, a perna partida... Já para não falar do facto de se ter lançado sozinho, sem auxílio e com poucos conhecimentos de mecânica. Enfim, um sem-número de complicações capazes de amansar qualquer entusiasmo. Este nativo de Otaru também duvidou, mas a teimosia não tem só coisas más. Que o diga o filho, que não demorou muito a contagiar-se com o vírus do pai e já o acompanha nas aventuras do rali.
Depois de se ter estreado na prova de motas, também se meteu na corrida de carros, até que se estabeleceu nos camiões. Yoshimasa Sugawara, 76 anos, nunca mais voltou a pensar duas vezes antes de se inscrever na edição seguinte do Rali Dakar. Pelo contrário, a motivação é tal que, se tudo correr dentro dos planos, daqui a duas décadas é previsível que se volte a falar daquele que nos inícios da década de 1980 vislumbrou um futuro entre as dunas mais perigosas do Mundo: "O meu sonho é correr até aos 100 anos", adiantou ao "La Nacion". Pois que seja feita a sua vontade, senhor Sugawara.