O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou, hoje, quinta-feira, em Coimbra, que acredita no "sentido de responsabilidade" dos partidos para enfrentar o "momento muito sério" que o país vive.
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"Devemos - e eu assim espero - contar com o sentido de responsabilidade de todas as forças políticas, num momento que é muito sério - e todos sabem que é muito sério - para a vida do nosso país", declarou o chefe de Estado.
Cavaco Silva falava, aos jornalistas, na Universidade de Coimbra, onde presidiu, esta manhã, à abertura de um colóquio internacional sobre o centenário da República, subordinado ao tema "Da virtude e fortuna da República ao republicanismo pós-nacional".
Sobre as medidas de austeridade quarta feira anunciadas pelo Governo, o Presidente prevê que "vão dar lugar a um debate partidário", dizendo não as dever comentar, pois, "uma coisa que um Presidente não deve fazer, dada a sua posição de moderador e de imparcialidade em relação aos partidos, é participar nesse debate".
O PR, alerta Cavaco Silva, "é a reserva de último recurso em caso de crise grave e, neste momento - mais do que em qualquer outro - deve preservar essa posição".
"São os partidos que, no Parlamento, vão ter a última palavra", sublinha, lembrando que, "nos termos constitucionais, compete só à AR, e só à AR, aprovar o Orçamento do Estado".
A "palavra decisiva" é dos deputados, insiste Cavaco Silva, acreditando que, em função da "muita informação" sobre o OE que eles vão receber do Governo, analisarão "em detalhe - assim esperamos" - todas as propostas, "tendo em conta os superiores interesses do país", frisou.
Referindo-se à reunião que, terça e quarta-feira manteve com representantes dos partidos com assento parlamentar, o chefe de Estado diz que, como era sua "obrigação", lhes transmitiu "toda a informação" que possui sobre "as consequências de uma crise política".
Cavaco Silva sublinha que, nas reuniões com os dirigentes partidários, "todos os partidos, com grande sentido de responsabilidade, manifestaram uma total abertura para desenvolver uma negociação aprofundada sobre o Orçamento de Estado" (OE), no Parlamento.
"Temos de confiar na realização desse diálogo, nessas negociações, logo que o OE entre na AR", apela o chefe de Estado.