O líder do PSD considerou hoje, quinta-feira, que as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo demonstram que o país foi enganado "sobre a verdadeira dimensão do problema financeiro" de Portugal.
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Para Pedro Passos Coelho, que falava à margem de uma visita ao Instituto de Ciências Aplicadas e Tecnologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o Governo terá agora que "esclarecer exactamente qual a razão" por só quarta-feira o país ter ficado a saber "que tinha um grave problema" de finanças públicas.
"Se os números que foram ontem [quarta-feira] apresentados pelo Governo são correctos relativamente àquilo que é necessário cortar no défice, quer este ano, quer em 2011, então todos os números que apresentou até esta data não estão certos. Isso significa que andámos demasiado tempo a enganar o país e a ocultar a verdadeira dimensão do problema financeiro que tínhamos", afirmou.
O líder do PSD sublinhou ainda que "não é possível encontrar uma resposta para futuro", seja em medidas adicionais para este ano, seja em 2011, "sem que o Governo esclareça exactamente o que é que se passou com o PEC, com o PEC II e qual foi a razão por que o país ontem [quarta-feira] percebeu que tinha um grave problema que todo o Governo andou demasiado tempo a dizer que não existia".
Para o líder social-democrata, as novas medidas de austeridade apresentadas pelo Governo são "o início" e "não o fim" das negociações em torno das contas do Estado.
"A proposta que o Governo apresentou e que precisa de ser explicada e detalhada será apresentada com a proposta de Orçamento no Parlamento e marcará não o fim, mas o início da conversa e do caminho que haveremos de encontrar para sairmos da grave situação em que estamos", disse.
"O PSD estará, com certeza, à altura das suas responsabilidades para, no Parlamento, encontrar uma maneira de tirar o país da situação em que ele se encontra", acrescentou.
Pedro Passos Coelho sublinhou, contudo, que a busca de uma solução implica verdade sobre o verdadeiro estado das contas públicas.
"Só estaremos mais próximos de uma solução se ela assentar na verdade. E enquanto ela não for explicada com detalhe e com responsabilidade ao país, o principal está por fazer", salientou.
No entender do líder do PSD, as medidas a adoptar para sanear as contas públicas devem evitar asfixiar o crescimento da economia.
"O caminho que a economia portuguesa precisa não é de matar o crescimento nem é de mostrar determinação e força com o dinheiro dos outros e com o dinheiro dos contribuintes. É preciso que as pessoas percebam qual é o caminho que o Estado também quer seguir nesta matéria", reforçou.
O Governo anunciou um conjunto de medidas de austeridade com o objectivo de consolidar as contas públicas. Entre essas medidas estão o corte de 5% na massa salarial da Função Pública, o congelamento das pensões em 2011 e o aumento em dois pontos percentuais do IVA, que passará a ser de 23%. As restantes taxas do IVA também vão ser revistas.
Estas medidas têm de ser aprovadas na Assembleia da República para entrarem em vigor.