A polícia grega lançou, esta quinta-feira, segundo dia de greve geral, gás lacrimogéneo para dispersar grupos de jovens que atiraram pedras e "cocktails Molotov" contra agentes da polícia em frente do Parlamento, no centro de Atenas.
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Os incidentes ocorreram durante uma manifestação de cerca de 50 mil pessoas, em Atenas, contra a votação, prevista para esta quinta-feira, de um projecto-lei com novas medidas de austeridade para diminuir o défice da Grécia e evitar a bancarrota.
Pelo segundo dia consecutivo, e cumprindo a greve geral de 48 horas, os gregos saíram à rua fragilizando o Governo socialista de George Papandreou a dias de uma cimeira europeia decisiva para a Grécia e para a zona euro.
Quarta-feira, os manifestantes chegaram aos 70 mil, em Atenas, e aos 125 mil em todo o país, segundo a polícia. Para os sindicatos, os protestos desse dia mobilizaram 200 mil pessoas em toda a Grécia.
Esta quinta-feira, vários milhares de simpatizantes da Frente de Trabalhadores Pró-Comunista (Pame) começaram a desfilar pelo centro de Atenas pelas 9 horas locais (8 horas em Portugal Continental).
Já de manhã, a televisão privada grega Skai, que transmite em directo as manifestações na praça Syntagma, no centro de Atenas, afirmou que o parlamento, ali localizado, estava "cercado".
"Grande ira" dos gregos
A imprensa dedica esta quinta-feira as manchetes à "grande ira" dos gregos, como escreveu o diário Ethnos (centro-esquerda), com comentários de personalidades mais à direita a qualificarem os protestos de "referendo contra o governo".
Depois de uma votação "de princípio" do projecto-lei com as novas medidas de austeridade, proposta pela oposição e durante a qual apenas a maioria socialista votou favoravelmente (154 dos 295 deputados presentes). A votação final da legislação está prevista para a noite desta quinta-feira.
Apesar do discurso de unidade dos deputados do partido socialista, o Pasok, na primeira votação, a imprensa citou fontes partidárias que admitiram que alguns deputados se oponham a algumas disposições do projecto-lei, como a que determina o congelamento da contratação colectiva.
O nome mais referido é o de Louka Katséli, antiga ministra do Trabalho e dirigente do Pasok, apontada como representante da "velha guarda" do partido e que, como tal, poderá votar contra.
Alguns jornais criticam a incapacidade dos líderes dos dois maiores partidos, o Pasok e a Nova Democracia, para se entenderem. O líder da Oposição recusou o convite do primeiro-ministro para ir com ele à cimeira europeia de domingo em Bruxelas, recusa que o diário "Kathimerini" considerou "inexplicável".