O economista norte-americano Nouriel Roubini disse, esta sexta-feira, em Lisboa, que a Irlanda deverá ser o primeiro país sob resgate a concluir "com sucesso" o seu programa de ajustamento, estando Portugal a trabalhar "exatamente" para o mesmo objetivo.
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"Existem planos para que a Irlanda seja o primeiro [país] a conseguir terminar com sucesso o programa de ajustamento e Portugal quer ser o segundo a fazer o mesmo. Acho que [os portugueses] estão a fazer exatamente isso", disse Nouriel Roubini, em resposta a jornalistas, após a sua intervenção no 42.º Congresso da União Internacional de Proprietários Urbanos (UIPU), que decorreu em Lisboa.
Aquele que ficou conhecido mundialmente como "Doctor Doom" [Doutor Catástrofe], por ter previsto o colapso da bolha especulativa do mercado imobiliário dos Estados Unidos e a crise económica e financeira de 2008 que se seguiu, considera que Portugal está no bom caminho, apesar de constatar que a recuperação ainda "é lenta".
"É o princípio de uma recuperação, mesmo que seja frágil", disse, destacando a realização de reformas estruturais e que a recuperação dependerá da criação de mais emprego, diminuição do desemprego e aumento do consumo.
Apesar disso, o economista norte-americano lembrou os "défices excessivos de há décadas" dos países "da periferia", onde incluiu Portugal, Espanha, Grécia e Itália, defendendo que "esta redução era necessária" e "mesmo nos países onde estão a baixar, têm de baixar ainda mais".
No entanto, "avançaria mais lentamente com o ajuste fiscal, mas penso que a troika percebe que é preciso fazer uma adaptação e dar mais tempo aos países para alcançarem os objetivos fiscais", sustentou. Para Roubini, não se trata de "controlar a austeridade", mas "fazê-lo de forma a não prejudicar a economia".
O especialista defendeu que o Banco Central Europeu (BCE) "deveria ter sido mais agressivo" e considera que "o valor do euro é demasiado forte".
"É preciso aumentar empréstimos, menos austeridade fiscal na zona periférica, um programa de investimento público a nível europeu, com emissão de obrigações numa união fiscal e bancária que reduza a fragmentação", sublinhou.
Quanto à permanência no euro, afirmou que "as pessoas querem manter-se no euro" e reforçou que "o potencial de crescimento nos países da periferia tem a ver com estes problemas a nível fiscal".