Iniciativa da autarquia pretende envolver moradores na mudança
Corpo do artigo
Quem passa pelo quarteirão da Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia pode ver os resultados da primeira intervenção da iniciativa Meu Bairro, Minha Rua, lançado pela autarquia.
As mudanças são visíveis, como a criação de uma rampa de acesso universal para alunos com mobilidade reduzida da Escola Secundária Almeida Garrett e, para os mais idosos, mais passadeiras e mais percetíveis. Foram ainda colocados bancos de jardim onde antes só havia muros, reparados pavimentos e passeios, bem como o circuito de água no espelho de água e um painel de azulejos.
Não se trata de uma intervenção única, "mas continuada no tempo, para que não fique esquecida", sublinha o arquiteto Francisco Saraiva, membro da equipa do projeto.
O projeto não está concluído. Em frente à Biblioteca Municipal já existem os bancos, mas falta a "árvore tecnológica" com wi-fi para todos. "É fundamental manter uma permanente atenção a todos os aspetos, para que o principal objetivo de melhorar o espaço público, conseguir coser o social aos espaços e evitar que as pessoas se sintam tão isoladas seja concretizado", salienta Francisco Saraiva.
O projeto Meu Bairro, Minha Rua começou em 2019 no quarteirão da Biblioteca Municipal, e agora decorre no Cedro e Quebrantões.
Os moradores destas três zonas do concelho já receberam nas suas caixas de correio um questionário, desafiando-os a identificar pontos que gostariam de ver corrigidos. Desafio, porque a iniciativa tem por objetivo "melhorar a vida das pessoas, mas de uma forma participada. São as pessoas que dão o mote para a intervenção", explica Francisco Saraiva.
Com as respostas dos moradores e a identificação das prioridades, a participação de cada um é mais uma vez pedida durante a apresentação do plano de intervenção, feita pelo presidente da Câmara Municipal junto dos moradores da zona.
Cedro - Devolver espaço aos peões
No Cedro, a aposta passará por devolver os espaços aos peões, ordenando o estacionamento, bem como criar ou requalificar espaços verdes para que possam ser usufruídos por todos. A proposta é requalificar o espaço verde da avenida Gil Vicente com a criação de um corredor de circulação e novas espécies arbóreas.
Os jardins da Alameda do Cedro contarão com um espaço lúdico para crianças e outro para idosos, um trilho de exploração e uma zona para jogos tradicionais. E no largo Damião de Góis a intervenção passa pela colocação de inibidores de estacionamento.
Quebrantões cura cicatriz
Em Quebrantões, a grande cicatriz deixada pela demolição de edifícios, e que nunca sofreu qualquer intervenção, ganhará nova vida através do projeto Meu Bairro, Minha Rua. Passará a ser um espaço verde tratado, com uma área para crianças e mobiliário urbano convidativo para que os moradores ali se possam juntar. Como é uma zona com pouco comércio, de ruas estreitas que impedem a circulação de autocarros, está prevista a introdução do MOB+, um modelo de transporte porta a porta que irá ajudar os moradores em pequenas deslocações.
A iniciativa Meu Bairro, Minha Rua é realizada em parceria com o Instituto Padre António Vieira através do programa Ubuntu no Bairro, que quer dar resposta à falta de participação e desresponsabilização dos cidadãos, entre eles e para com os espaços.
O projeto Ubuntu no Bairro prevê a criação e consolidação de redes comunitárias de confiança baseadas na filosofia Ubuntu no concelho de Vila Nova de Gaia.