Abriu portas no Porto um espaço onde os sentidos assumem o protagonismo. O Wondersense não é um museu apenas para ver - sente-se, toca-se, escuta-se, saboreia-se. Para todas as idades.
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Na Baixa portuense, perto da Livraria Lello, existe um portal que nos transporta para outra realidade - o Wondersense. Um museu que propõe uma viagem imersiva pelos cinco sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição. Distribuído por dois edifícios de cinco andares, o projeto surgiu há dois anos, quando Bárbara Antunes, sócia e diretora de marketing, reparou numa piscina de bolas na série televisiva "Emily in Paris". A partir dessa imagem e em conversa com Vasco Antunes, diretor-executivo, surgiu a vontade de criar um espaço onde os visitantes deixassem de ser meros observadores para se tornarem parte da experiência.
Para dar forma ao projeto, a equipa viajou por diversos países, estudando uma variedade de museus e espaços culturais dedicados a experiências sensoriais. Estes contactos serviram de fonte de inspiração, permitindo-lhes recolher algumas ideias, já que a maior parte das salas e instalações são criações originais. Foi assim que o conceito foi ganhando forma, com o apoio do grupo Marques Soares, mais conhecido pelo setor da moda, que decidiu investir numa proposta de inovação cultural. O resultado é a transformação de um espaço histórico do Porto - o edifício vizinho dos armazéns Marques Soares, nem mais - num lugar onde arte, tecnologia e sentidos se cruzam com o entretenimento, criando um percurso que é, ao mesmo tempo, interativo e reflexivo.
Conforme explica Vasco Antunes, "a criação do museu foi um processo complexo e colaborativo, onde a criatividade e a técnica se entrelaçam ao longo de meses de trabalho intenso". Sob a curadoria e liderança de Pedro Caride - designer experiente, responsável pela conceção das montras do Marques Soares - o Wondersense desenvolveu-se. Trazendo uma abordagem que integra inteligência artificial, não apenas como suporte técnico, mas também como um verdadeiro instrumento criativo que desafiou e ampliou os limites da conceção tradicional do espaço. "A construção do museu não foi linear", explica o diretor-executivo. "Envolveu várias fases de tentativa e erro, onde protótipos foram testados, ajustados e repensados para garantir que cada instalação cumprisse o objetivo de estimular os sentidos de forma harmoniosa e surpreendente." No desenvolvimento do projeto, juntaram-se grafiteiros, músicos, arquitetos e designers para criar um percurso onde som, imagem e espaço se complementam.
O trajeto do museu começa ao entrar num elevador, como quem embarca numa nave e, num instante, é-se transportado para uma dimensão que nos remete para outra realidade. Depois, através de várias salas, o visitante depara-se com diferentes experiências, como se atravessasse várias camadas e cada espaço fosse um novo mundo. É uma vivência que vai além do sentido que lhe está associado - luzes que dançam ao ritmo da música, tubos que distorcem a voz, aromas inesperados que surgem de máquinas de lavar, sabores servidos que despertam memórias, visão trabalhada com grafismo, espelhos ou projeções cromáticas, cabines suspensas que nos remetem para lugares inesperados... ou a piscina das bolas inspirada na mais famosa fonte de Roma, Fontana di Trevi.
Uma experiência sensorial
1. Um graffiti que liga mundos
As paredes do Wondersense não foram deixadas ao acaso. Filipe Granja, artista urbano reconhecido no Porto, foi o responsável por pintar todos os corredores do museu, transformando-o num prolongamento da experiência sensorial. Partindo de uma base preparada pela equipa liderada por Vasco Antunes (foto), criou murais que seguem a paleta de cores do museu, integrando-se perfeitamente no ambiente e enriquecendo a viagem dos visitantes. Os seus traços e formas funcionam como verdadeiros portais visuais, que não só decoram, como também dialogam com os sentidos, reforçando o papel da arte como elemento ativo e complementar nesta jornada.
2. Músicas feitas à medida
No Wondersense, a experiência sensorial estende-se ao domínio auditivo graças à música original composta por João Vieira. Este compositor criou uma banda sonora singular, que acompanha e interage com as luzes, imagens, cheiros e texturas que compõem o museu. A música serve como um fio condutor que guia os visitantes numa jornada auditiva que complementa o toque, o sabor e o olhar, tornando a experiência mais envolvente.
3. Memórias em forma de objetos
O merchandising do Wondersense prolonga o passeio para lá das salas do museu. Criadas pela equipa do designer Pedro Caride, fundador do Estúdio Criativo Por Vocação, as personagens presentes nos produtos (t-shirts, pins, tote bags, etc.) apresentam elementos como olhos, nariz, boca e mãos, numa alusão direta aos cinco sentidos. A identidade da marca, incluindo o nome e assinatura visual, foi desenvolvida pela agência Legendary. Os sócios do museu definiram a família de produtos, o posicionamento e os logos, assegurando uma identidade alinhada com este novo espaço.
Wondersense
Rua das Carmelitas, 130, Porto
Web: wondersense-museum.com
Das 10 às 19 horas. Não encerra,
Preço: 17 a 22 euros