O Benfica quer que o Ministério Público (MP) esclareça se a suspensão provisória do processo aplicada a Rui Pinto, no final de julho, envolve qualquer entidade ligada ao clube da Luz. Os advogados dos encarnados admitem que o benefício atribuído ao criador do "Football Leaks" pode ser ilegal.
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Num requerimento enviado para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, os três advogados do Benfica, Rui Patrício, João Medeiros e Saragoça da Mata, explicam terem sabido pela comunicação social de que Rui Pinto beneficiou de uma suspensão provisória do processo.
Segundo o jornal online Observador, que avançou com a notícia no final de julho, o alívio da situação do criador do "Football Leaks" aconteceu relativamente a acessos indevidos aos sistemas informáticos da Presidência do Conselho de Ministros, do Ministério da Justiça, mas também às redes do Benfica e do F. C. Porto.
Por isso os advogados do Benfica escrevem: "importa esclarecer se a referida suspensão provisória foi efetivamente promovida em relação ao presente inquérito [intrusão na rede informática do Benfica e divulgação dos e-mails] ou a qualquer um dos processos a ele incorporado, atualmente ou no passado, e que tenha como assistente e como ofendidas as aqui requerentes ou qualquer entidade do Grupo Benfica".
Os advogados argumentam que no caso de a suspensão provisória do processo atribuída a Rui Pinto envolver, de facto, o Benfica, a decisão do Ministério Público, que mereceu a concordância do juiz Carlos Alexandre, pode ser ilegal. "Circunstância que, entre o mais, sempre implicaria a nulidade do despacho de promoção do Ministério Público e, bem assim, como do despacho judicial de validação da suspensão provisória do processo ou no mínimo a sua irregularidade", pode se ler no despacho a que o JN teve acesso.
Por isto, o Benfica, que também requereu acesso ao processo, pede ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para ser informado se a suspensão provisória do processo aplicada a Rui Pinto envolve alguma entidade do Grupo Benfica e em caso afirmativo para ser oficialmente notificada.
A colaboração de Rui Pinto com a Polícia Judiciária e MP valeu-lhe a suspensão provisória de cinco processos-crime. Condição para o arquivamento definitivo, dentro de ano e meio, é a continuidade da colaboração com as autoridades, em múltiplas investigações por crimes económico-financeiros.
O MP considera que, nestes cinco casos em particular, não houve acesso a informação especialmente relevante. No clube da Luz, estará em causa o relacionamento com as casas do Benfica. A proposta foi apresentada pelo DCIAP e mereceu aceitação do juiz Carlos Alexandre. Rui Pinto também concordou.
Tudo isto não invalida o julgamento do caso Doyen, por 90 crimes, incluindo um de tentativa de extorsão. O denunciante esteve em prisão preventiva, mas passou para obrigação de permanência em instalações disponibilizadas pela PJ e acabou por ser libertado, com o estatuto de testemunha protegida. Vive agora numa habitação mantido em segredo.