
Ex-presidente do Benfica está a ser julgado no âmbito da Operação Lex
Tiago Petinga / Lusa
O ex-presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, reiterou esta quinta-feira que "nunca" subornou o juiz Rui Rangel com bilhetes para jogos dos encarnados, com o objetivo de ser beneficiado num processo fiscal no Tribunal de Sintra.
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"Nunca subornei o juiz Rui Rangel. [...] Se fôssemos a olhar aos bilhetes que oferecíamos para os jogos, estava toda a gente subornada", afirmou Luís Filipe Vieira, à saída do Supremo Tribunal de Justiça, onde há cerca de um mês decorre a instrução do processo Operação Lex, no qual está acusado de um crime de recebimento indevido de vantagem por ter oferecido ingressos no Estádio da Luz àquele magistrado, então colocado no Tribunal da Relação de Lisboa e igualmente arguido.
"Estou completamente de consciência tranquila", assegurou, precisando que apenas falou com Rui Rangel num almoço em que o encontrou fortuitamente. "Eu não escolhi o juiz Rui Rangel", sublinhou.
A Operação Lex conta, no total, com 17 arguidos, incluindo três ex-juízes do Tribunal da Relação de Lisboa. Os factos sob suspeita decorreram pelo menos entre 2012 e 2017 e em causa estão crimes de corrupção, abuso de poder, recebimento indevido de vantagem e fraude fiscal, entre outros.
Entre os acusados pelo Ministério Público, estão o ex-presidente deste órgão, Luís Vaz das Neves, acusado de corrupção passiva para ato ilícito e abuso de poder, por ter, alegadamente, violado os seus deveres de isenção e imparcialidade ao ordenar a distribuição manual de processos, permitindo que Rui Rangel obtivesse benefícios económicos ilegítimos de terceiros.
"A maior parte dos que aqui estão já me conhecem e eu nunca fiz nada, nem dei nada a ninguém, que não pudesse ser legal", afirmou, à entrada do Supremo Tribunal de Justiça, o ex-presidente do Tribunal da Relação de Lisboa.>
Vaz das Neves, entretanto jubilado, prestou depois declarações, durante cerca de uma hora, à porta fechada, naquela que foi a última diligência antes do debate instrutório, iniciado pelas 12.30 horas desta quinta-feira e destinado à apresentação dos argumentos finais pelo Ministério Público e os advogados dos arguidos.
A fase, facultativa, foi requerida por cinco dos acusados, incluindo Luís Filipe Vieira, que tentam, assim, não ir a julgamento. A diligência é pública, tal como a comunicação da decisão, que não tem ainda data para ser proferida.
