Faz este domingo três anos que Rui Pinto, o criador do Football Leaks, foi detido na Hungria, ao abrigo de um mandado de detenção europeu por crimes informáticos cometidos em Portugal. Importante denunciante de crimes de colarinho branco para uns, pirata sem escrúpulos para outros, Rui Pinto está a ser julgado por ter espiado cerca de 60 caixas de emails do Sporting, da Procuradoria-Geral da República (PGR), da sociedade de advogados PLMJ e do fundo de investimento Doyen, que o acusou de tentativa de extorsão. Mas é visado em mais processos crimes que deverão levá-lo a sentar-se no banco dos réus.
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Há três anos, a polícia húngara prendia Rui Pinto no modesto apartamento onde habitava em Budapeste. Lá foram apreendidos material informático contendo milhões de informações relevantes sobre casos de futebol, de corrupção, de fuga ao fisco em esquemas internacionais. A investigação da Polícia Judiciária já tinha reunido prova suficiente para lhe imputar as intrusões informáticas pelas quais está atualmente em julgamento, mas já tinha também outros casos.
A 21 de março de 2019 é extraditado para Portugal, onde ficou em prisão preventiva. Seis meses depois, tempo em que não quis colaborar com a justiça por receio de auto-incriminar-se, foi acusado de perto de 150 crimes.
Mudou de atitude. Aceitou dar as chaves de acesso aos dados encriptados para que a justiça pudesse usá-los. Em abril do ano seguinte, saiu da cadeia anexa à Polícia Judiciária de Lisboa para viver nas instalações daquela polícia. Ali era protegido de eventuais ameaças de máfias e interesse económicos que Rui Pinto expôs com as suas denúncias. Em julho de 2020, o Ministério Público (MP) propôs a Rui Pinto a suspensão provisória de cinco investigações por acesso indevido. Eram relativas a intrusões na Presidência do Conselho de Ministros, no Ministério da Justiça, como no correio eletrónico de Joana Marques Vidal, ex-procuradora-geral da República, mas também no F. C. Porto e no Benfica, que recorreu contra esta decisão. O caso ainda está para decidir.
Em agosto, saiu em liberdade, mas foi colocado num local mantido em segredo, onde é protegido por correr perigos e é acompanhado 24 horas por dia por agentes do Corpo de Segurança Pessoal, que o levam, por exemplo, às sessões de julgamento.
Mas apesar de ter colaborado e beneficiar de alguma benevolência da Justiça e de proteção pessoal, Rui Pinto ainda é visado em várias investigações do MP por crimes informáticos.