Cerca de 70% do efetivo da GNR e da PSP estará mobilizado em locais prioritários como gasolineiras, refinarias e entrepostos comerciais. Plano de segurança já obrigou a cancelar folgas de polícias.
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Cerca de 70% do efetivo da PSP e da GNR está mobilizado para fazer face à greve dos motoristas. O estado de prontidão é ainda maior nas unidades musculadas, tendo sido dadas ordens para que os elementos da Unidade Especial de Polícia (UEP), do Grupo de Intervenção e Operações Especiais (GIOP) e dos Destacamentos de Intervenção, ambos da GNR, estejam prontos a atuar a partir das 9 horas de segunda-feira. Mesmo os que estavam de folga.
Apesar de as forças de segurança já terem o plano de segurança delineado, o advogado Pedro Pardal Henriques referiu, na quinta-feira, que ainda espera "uma contraproposta [dos patrões] para evitar a greve". O prazo limite é o início dos plenários de trabalhadores dos dois sindicatos que convocaram a greve (sindicatos dos Motoristas de Matérias Perigosas e Independentes de Motoristas de Mercadorias), marcados para sábado.
Também na quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) concluiu um parecer solicitado pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. O teor do documento não foi revelado ao JN por nenhuma das entidades, mas a SIC avançou que a PGR admitiu que o Governo pode recorrer à requisição civil mesmo antes de a greve começar. Terá ainda informado que não tem elementos suficientes para avaliar a legalidade da paralisação.
Se o protesto for efetivamente uma realidade, os polícias estarão particularmente atentos a uma lista de locais prioritários, que incluem os 374 postos onde será possível abastecer combustível, refinarias e aeroportos. Também os centros logísticos das grandes superfícies comerciais serão alvo de vigilância apertada. Porto, Lisboa e o Algarve serão as regiões a merecer maior atenção.
Polícias rejeitam volante
Ao JN, só a GNR aceitou abordar o plano de segurança definido e apenas para afirmar que "irá zelar pelo cumprimento da legalidade democrática e pelas condições de segurança, que permitam o exercício dos direitos e liberdades, assim como o respeito pelas garantias dos cidadãos".
Mesmo assim, foi possível apurar que os membros da UEP - inclui o Corpo de Intervenção, o Grupo de Operações Especiais, o Centro de Inativação de Explosivos e Segurança em Subsolo e o Grupo Operacional Cinotécnico da PSP - receberam ordens para se apresentar ao serviço na segunda-feira. Já as equipas de Intervenção Rápida estarão situadas em locais estratégicos para responder aos problemas que surjam.
A estratégia da GNR também passa pela reação. Por isso, as patrulhas serão as primeiras a responder a eventuais conflitos e, só em caso de necessidade, é que serão acionados os dois GIOP e os Destacamentos de Intervenção. Os militares destas unidades foram dispensados do serviço neste fim de semana para que também estejam em condições de atuar às 9 horas de segunda-feira.
A GNR já recebeu informações detalhadas de gasolineiras e de grandes superfícies comerciais e está preparada para escoltar os seus camiões. Polícias poderão ser, como já anunciou o Governo, usados ainda como motoristas dos camiões. Uma função que é amplamente criticada pelas associações sindicais das forças de segurança.
Destaques
Coletes Amarelos
O Movimento dos Coletes Amarelos juntou-se ao protesto dos camionistas e marcou uma marcha lenta, que passará pela Ponte 25 de Abril, em Lisboa. Começa na manhã de segunda-feira e terminará às 11 horas, com um protesto em frente à Assembleia da República.
Polícia desvaloriza
Fontes contactadas da GNR e da PSP desvalorizam os efeitos que este protesto dos Coletes Amarelos possa provocar. Contudo, a Ponte 25 de Abril e as autoestradas A1 e A2 serão alvo de vigilância apertada.
Aeroporto calmo
O Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, não preocupa as forças de segurança, porque o seu abastecimento é feito através de pipelines ligados diretamente à refinaria de Matosinhos.