Transferências de jogadores e direitos televisivos estão sob investigação.
O inquérito que levou o Ministério Público (MP) e a Autoridade Tributária (AT), esta segunda-feira, a realizar buscas na SAD do F. C. Porto e nas residências do presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa, do filho, o empresário Alexandre Pinto da Costa, e dos agentes Pedro Pinho e Bruno Macedo investiga suspeitas de comissões milionárias ocultas na transferência de jogadores, mas também no negócio da cedência dos direitos televisivos com a Altice.
O empresário de Braga, Bruno Macedo, que foi detido na Operação Cartão Vermelho, em que Luís Filipe Vieira foi detido, estará envolvido na transferência do jogador Éder Militão. O atleta foi comprado ao São Paulo, no Brasil, em 2018, e vendido um ano depois ao Real Madrid, com mais-valias milionárias. Há suspeitas da existência de comissões inflacionadas.
O empresário Pedro Pinho, conhecido pela alegada agressão a um repórter da TVI e que foi sócio de Alexandre Pinto da Costa, mediou a primeira transferência do atleta, comprado por 8,5 milhões. Neste negócio, Pinho recebeu 1,2 milhões. Um ano depois, Macedo e um sócio brasileiro, Giuliano Bertolucci, trataram da transferência de Militão para Madrid, por 50 milhões de euros. O F. C. Porto viria a declarar mais-valias de 28,4 milhões. As despesas do negócio atingiram 21,5 milhões, com os empresários a declararem nove milhões em comissões, cerca de 20%.
Num inquérito paralelo, o MP está a investigar o contrato entre a Altice e o F. C. Porto sobre a cedência dos direitos televisivos por 457 milhões de euros, em 2016. Macedo terá sido um dos intermediários neste negócio, que a Altice considera totalmente transparente. Existem suspeitas que Alexandre Pinto da Costa tenha recebido mais de dois milhões de euros em comissões.
Porém, em julho deste ano, a SAD do F. C. Porto tinha negado, em comunicado, ter pago "qualquer quantia", no negócio PT/Altice dos direitos televisivos dos jogos em casa. Também referiu na altura que a transferência de Militão foi "formalizada documentalmente, registada nas instâncias desportivas internacionais, auditada por revisores externos e Conselho Fiscal", repudiando assim as suspeitas que se levantaram na sequência da Operação Cartão Vermelho.
O JN tentou obter uma reação do F. C. Porto esta segunda-feira sobre as buscas, mas ainda não obteve resposta.