O presidente do Sindicato de Jornalistas critica o semanário "Sol" por não ouvir os visados nas notícias que publica hoje, sexta-feira, sobre o alegado plano do Governo para controlar os media, mas considera que as "revelações" feitas pelo jornal têm de ser esclarecidas.
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"As revelações do Sol confirmam a necessidade de um esclarecimento cabal - inclusivamente pela Assembleia da República - porque há aqui uma nuvem muito densa que não pode continuar a pairar ou que deve ser dispersa o mais rapidamente possível", afirmou à Lusa Alfredo Maia.
As notícias publicadas pelo semanário Sol hoje e na semana passada sobre um alegado plano do Governo para controlar órgãos de comunicação social através da PT "criam na sociedade uma inquietação muito grande acerca da forma como o poder político e o poder económico se relacionam entre si e com os meios de comunicação social", afirmou.
"Todas as pessoas singulares e colectivas referidas nestes trabalhos devem prestar esclarecimentos e dizer se há algum fundo de verdade", defendeu Alfredo Maia, acrescentando não ser possível "continuar-se a escudar atrás do segredo de justiça e da ideia de que isto é um caso judicial e que deve continuar nesse foro".
Este caso "é de relevante interesse público", sublinhou, defendendo que os esclarecimentos devem ser pedidos quer pelo Parlamento quer pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
O presidente do Sindicato de Jornalistas crítica, no entanto, o jornal Sol por não ter feito o contraditório.
"Há um preceito no código deontológico que defende que é dever do jornalista ouvir todas as pessoas com interesses [na matéria], ouvir a outra face", ou seja, "aquilo que se consagrou chamar o contraditório", referiu.
Esta obrigação de ouvir todos os interessados tem duas ordens de razão, explicou ainda, acrescentando que "é um direito dos visados e é um direito dos cidadãos conhecer o ponto de vista dos visados".
A edição de hoje do semanário Sol fala num alegado plano de controlo de vários meios de Comunicação Social, além da TVI. O jornal “Público”, o grupo Cofina, do “Correio da Manhã”, e o grupo Controlinveste, proprietário do JN, Dn e TSF, também terão sido hipótese de compra por parte da PT.