<p>José Sócrates vai colar PSD à direita. Ferreira Leite posicionar-se-á no centro direita. Ambos vão usar a ingovernabilidade e apelar ao voto útil, ao contrário de BE, PCP e CDS-PP que o tentarão combater. Discursos vão endurecer até sexta-feira.</p>
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À medida que se aproxima o decisivo dia 27 de Outubro, os partidos vão formatar a sua mensagem de maneira a captar o maior número de votos. Os politólogos esperam uma radicalização de argumentos, mas sem chegar ao nível das últimas eleições europeias.
Os socialistas tentarão encostar o PSD à Direita, afirmando-se, ao mesmo tempo, como de Esquerda. "É expectável que repise as questões de ideologia e do conservadorismo do PSD", diz Manuel Meirinho Martins, docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. António Costa Pinto, investigador do Instituto de Ciências Sociais, refere que o PS vai apostar em temas como o Serviço Nacional de Saúde e em figuras como Manuel Alegre para "afirmar a sua imagem de polarização à Esquerda".
Já o PSD "tentará demarcar-se do PS, não com uma polarização ideológica à direita, mas sim ao centro-direita", afirma Costa Pinto. Meirinho Martins acredita que o "PSD vai tentar inverter a argumentação da última semana - TGV, 'asfixia democrática' - que não produziu efeitos. Tentará centrar-se nos temas cardeais, apesar de não ter muitos, e insistir na ideia de dicotomia PS/PSD". Os dois politólogos acreditam, ainda, que PS e PSD vão jogar com a ideia de ingovernabilidade e apelar ao voto útil.
No PP não haverá grandes novidades nos temas: agricultura, mais segurança e menos impostos, antecipa Costa Pinto. Meirinho Martins partilha a mesma convicção, mas refere que poderá haver uma "maior euforia nas intervenções" e uma descolagem em relação ao PSD.
Já o BE irá apostar numa radicalização relativamente ao PS, tentando transmitir a ideia de que só ele conseguirá condicionar os socialistas e, depois de uma semana mais explicativa, terá uma semana mais acutilante e consolidadora. Quanto à CDU não são esperadas grandes novidades, já que é muito difícil sair da sua linha argumentativa. "Repetição, repetição, repetição", refere Manuel Meirinho.
Apesar da radicalização, não são esperadas "campanhas negras". No entanto, "pode ser que na próxima semana ainda surjam surpresas", admite Costa Pinto. Meirinho Martins acredita que se forem abordados temas como Freeport ou BPN, "serão ao de leve e nunca abertamente".