São milhares os cidadãos que hoje,domingo, asseguram mais um acto eleitoral. De alguns nem chega a saber-se o nome. Ainda assim, nestas legislativas não escaparam ao plano de contingência contra a gripe A.
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Do distribuidor dos boletins pelas secções de voto aos juristas da Comissão Nacional de Eleições que, durante todo o dia, disponibilizam informações sobre o processo por telefone, passando pelos escrutinadores das mesas de votação, as eleições estão longe de ser um simples processo logístico. Quando as urnas se abrirem pelas 8 horas para trás ficaram quase dois meses de um intenso trabalho, que arrancou com a emissão de milhões de impressos de voto.
Segundo Domingos Magalhães, director de serviços da administração eleitoral da Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI), após o sorteio das listas candidatas às eleições, há cerca de 40 dias, mais de 11,8 milhões de boletins começaram a ser produzidos pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda [ver números na caixa ao lado].
"A distribuição dos boletins de voto pelo território nacional tem como preocupação a segurança. O processo inicia-se pelo transporte, em colaboração com as Forças Armadas, desde a Casa da Moeda até às instalações dos Governos Civis e Regiões Autónomas", adiantou, ao JN, sobre o percurso desses mesmos boletins que acabarão por chegar às mesas de voto dois dias antes do sufrágio [ver infografia].
Os emigrantes portugueses foram os primeiros a receber os boletins há um mês. Aliás, tanto pelo círculo da Europa como no do resto do Mundo, foram estes os primeiros cidadãos a exercer o seu direito.
Há uma semana, seguiram-se os doentes hospitalizados, os reclusos e todos os trabalhadores marítimos ou ferroviários e agentes das Forças de Segurança que mostraram indisponibilidade de se deslocarem hoje até a uma mesa de voto.
No final, 60 toneladas de papel acabarão destruídos. "Terminado o prazo de recurso contencioso cabe aos tribunais promover a sua destruição", sublinhou aquele director da DGAI.
É deste mesmo organismo que saiu - cerca de 72 horas antes do acto eleitoral - a garantia que, em articulação com a Direcção-Geral de Saúde, a todos os elementos que compõem as mesas serão distribuídas soluções anti-sépticas contra a gripe A. Mas, nalguma fase do processo, a informação parece ter ficado pelos corredores.
"Estamos a horas de abrirem as urnas e não sei de nada quanto a medidas de desinfecção nas mesas", admitiu Nuno Domingues, presidente-suplente de uma mesa de voto na reitoria da Universidade de Lisboa, frisando que causaria estranheza se tal indicação "chegasse às secções e todos os seus elementos não soubessem de nada".
Pelo mesmo diapasão, Luís Mariano, secretário da Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia (Loures), que tem à sua responsabilidade a centralização dos resultados eleitorais assumiu o desconhecimento.
Num campo paralelo, como órgão fiscalizador deste processo, a Comissão Nacional de Eleições (CNE). Com verbas do próprio orçamento da Assembleia da República, verdade seja dita que tal órgão teve de justificar este ano - com a realização de três actos eleitorais - o facto dos seus funcionários e dirigentes continuarem receber os seus vencimentos e subsídios de representatividade mesmo que não ocorram sufrágios.
Ou seja, nos últimos três anos pouco mais tiveram que assegurar que a realização de reuniões obrigatórias por Lei, que também representam um aumento no vencimento dos seus participantes.