O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, propôs, esta sexta-feira, ao presidente do PSD a redução dos deputados de 230 para 115, mas Passos Coelho considerou que essa proposta é irrealista porque contará com a oposição do PS.
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Durante um frente a frente na SIC, Paulo Portas fez uma proposta a Passos Coelho para que, em vez de se reduzir o número de deputados para 181, como propõe o PSD, estes passem "para metade, de 230 para 115", através de "um círculo nacional ou agregação de círculos, para não se perder dimensão, e representação proporcional pura e dura".
"Isso não é realista, doutor Paulo Portas, por uma razão simples, é que exige uma revisão constitucional e o PS tem-se mostrado sempre, sempre adverso, sequer, na lei eleitoral, a fixar os 181 que a Constituição já admite, quanto mais menos de 181", respondeu-lhe o presidente do PSD, assinalando que uma revisão constitucional depende de uma maioria de dois terços no Parlamento.
Liderar Governo
Paulo Portas, defendeu que Portugal precisa de mais um candidato a primeiro-ministro para além de José Sócrates e Pedro Passos Coelho e assumiu como objectivo liderar um Governo maioritário.
"É perfeitamente possível um Governo de apoio maioritário, porque o voto está solto e está livre, ter a liderança do CDS. Eu vou lutar por isso, como é evidente", afirmou Paulo Portas, durante o debate na SIC com o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.
Neste frente a frente, tanto o presidente do PSD como o presidente do CDS-PP se manifestaram dispostos a coligar-se, mas ambos disseram querer liderar essa coligação.
"Realisticamente, doutor Paulo Portas, considera ou não que a escolha para primeiro-ministro se vai fazer entre o engenheiro Sócrates e mim próprio?", perguntou o presidente do PSD, obtendo como resposta que "Portugal precisa de mais uma candidatura a primeiro-ministro".
Portas ao ataque
Ao longo deste frente a frente, Pedro Passos Coelho não se dirigiu de forma crítica a Paulo Portas e voltou a dizer que, mesmo que o PSD tenha maioria absoluta nas legislativas de 5 de junho, "conta com o CDS para governar".
Por sua vez, Portas acusou Passos Coelho de ter sido "muleta" do PS, de "inconsistências em matéria programática", e de falar sobre o número de municípios com o cuidado de não "maçar os autarcas e às vezes os caciques do PSD".
Passos Coelho reagiu pedindo "respeito" pelos autarcas e pediu a Portas que o olhasse nos olhos para lhe dizer que "o PSD não é muleta de ninguém" e que deu condições de governabilidade ao PS "a pensar no país e nos portugueses".
Também quanto à Taxa Social Única, o presidente do CDS-PP contestou a posição do presidente do PSD, considerando-a imprudente. "Eu não tenho a certeza que haja modo de financiamento desta medida", disse, acrescentando que há risco de "esse custo levar ao incumprimento do acordo" de ajuda externa por parte de Portugal.
O presidente do PSD ironizou que "é mais prudente" fazer como o presidente do CDS-PP e como o primeiro-ministro, "que é não dizer nada" sobre como tencionam cumprir essa medida que, sublinhou, está no acordo de ajuda externa como um "objectivo crítico".
Antes, a propósito das soluções de Governo, Portas apontou dois erros a Passos Coelho: ter recusado uma coligação pré-eleitoral com o CDS-PP que "teria gerado uma dinâmica de vitória maior" e pedir agora uma maioria absoluta para o PSD que considerou não ser "realista" nem merecida.
Passos Coelho sustentou que não há alternativa ao PS que não seja "liderada pelo PSD" e que é preciso uma maioria para governar sem os socialistas, porque isso seria "uma salada russa que não teria força suficiente".
Também nesta matéria Portas discordou, dizendo que ambiciona que seja o CDS-PP a liderar o futuro executivo. "Uma maioria também se forma, e era bem melhor para o país, com o CDS com 23,5 e o PSD com 23", apontou, fazendo rir Passos Coelho.
Neste debate, os dois divergiram quanto à forma de diminuir o número de funcionários públicos. Segundo Passos Coelho a solução é uma entrada por cada cinco saídas, para Portas deve haver um programa plurianual de rescisões por mútuo acordo com indemnizações "atractivas".