Carne, pataniscas e verde branco foram a ementa matinal de Paulo Portas, servidos com as habituais mensagens de apelo à preservação e incremento da ruralidade, ao elogio da tradição e, claro, ao aproveitamento das queixas locais para criticar as políticas que o país tem seguido.
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No Mezio, Arcos de Valdevez, uma das portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, foi Daniel Campelo, que ganhou projecção enquanto presidente da Câmara de Ponte de Lima e deputado nacional que viabilizou o orçamento de António Guterres, quem serviu ao presidente do CDS-PP o mata-bicho.. Mas foram os presidentes de juntas de freguesia locais quem mais aproveitou o momento para falar dos velhos problemas, com novos episódios, entre as populações locais e o Parque, designadamente pela forma como se sentem manietadas pelo plano de ordenamento da mais importante reserva natural do país.
"Se desaparecerem as pessoas do Parque, não haverá quem cuide dele. Quem amanha a terra e quem protege a floresta são os agricultores", lá ia dizendo Portas, defendendo a necessidade de uma "acção inteligente entre o Ambiente e a Agricultura". A propósito do referido plano de ordenamento, foram muitas as críticas por este entrar em conflito com os planos directores municipais, sendo que um e outros foram aprovados em Conselho de Ministros.
Paulo Portas pode não saber pegar numa enxada, mas pega. Pode não ter qualquer sentido rítimico, mas agarra na pandeireta e toca com o rancho folclórico que o recebe. E passa, num mundo rural em que deposita grandes esperanças, mensagens que as populações querem ouvir. Enquanto planta um teixo, espécie autóctone protegida, lança frases sonantes - "há que arregaçar as mangas, sujar as mãos e pôr este país melhor" - e insiste na importância de defender a agricultura, especialmente neste momento de crise: "Temos de trabalhar mais, produzir mais, exportar mais e depender menos das importações".
No mundo rural, as críticas ao Governo prendem-se com a ruralidade, incidindo em especial na forma como se torna difícil o acesso dos agricultores ao Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PRODER). O pingue-pongue de palavras com os líderes de outros partidos fica para depois. Provavelmente para o comício da tarde deste domingo, em Ponte de Lima, onde os centristas esperam muita gente.