O primeiro-ministro da Hungria, o conservador Viktor Orban, anunciou a realização de um referendo sobre o plano europeu de relocalização de refugiados entre os países-membros da União Europeia.
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"O Governo decidiu realizar um referendo sobre a questão das quotas obrigatórias para a distribuição" de refugiados, declarou Orban, numa conferência de imprensa.
Em dezembro último, o governo de Budapeste apresentou uma queixa diante da justiça europeia contra as quotas de relocalização de refugiados adotadas em setembro de 2015 pela UE.
O primeiro-ministro húngaro não divulgou a data para a realização da consulta pública, mas referiu que o projeto do referendo foi entregue esta quarta-feira na Comissão Nacional de Eleições.
A questão a colocar aos eleitores húngaros deverá ser a seguinte: "Quer que a União Europeia decrete uma relocalização obrigatória de cidadãos não húngaros na Hungria sem a aprovação do parlamento húngaro", referiu Orban.
Conhecido pelas suas posições anti refugiados, o líder húngaro defendeu que não é possível "colocar nas costas dos povos, contra a vontade das pessoas, decisões que mudam as vidas das pessoas e das gerações futuras", salientando que estas quotas de relocalização vão "redesenhar a identidade cultural e religiosa da Europa".
Apesar da oposição de vários Estados-membros, incluindo a Hungria, Polónia e a Eslováquia, a UE adotou no outono passado um plano de relocalização de 160 mil refugiados com o objetivo de aliviar países como a Grécia, Itália ou a Alemanha, que recebem a maior parte dos migrantes que procuram refúgio no território europeu.
Para contestar as quotas comunitárias, que atribuem a Budapeste 2300 refugidos, o governo de Orban recorreu à justiça europeia, em dezembro passado. Medida que foi seguida pela Eslováquia.
Mas o mecanismo de distribuição proposto por Bruxelas, planeado para ajudar aqueles que fogem da guerra na Síria e no Iraque e para travar a crise migratória sem precedentes, parece estar condenado ao fracasso.
Segundo dados relativos ao início de fevereiro, apenas 500 pessoas foram abrangidas por este plano nos últimos quatro meses.
Certos países como a França, Bélgica ou Suécia querem tempo para identificar potenciais jiadistas entre os migrantes. Pedido que surgiu após os atentados de 13 de novembro do ano passado em Paris.
A falta de capacidade de alojamento ou de escolas para os requerentes de asilo e os problemas logísticos para fretar aviões são outros dos aspetos que estão atrasar a aplicação do plano europeu de relocalização.
A recusa de alguns Estados de acolher grandes populações de muçulmanos ou de africanos é outro grande obstáculo.